8.09.2007


Pare* e pense. Tenho um leve sentimento de decepção. Ele surgiu e cresceu. Não foi hoje. Nem ontem. Nem anteontem. Mas não faz um ano. Nem um mês. Talvez algumas semanas. Não sei bem.


O texto telegráfico é interessante. Ele mostra um pensamento continuo. Sem fluxo. Porém retilíneo. Coeso, conciso e limitado. Diz tudo em parágrafos. Não impõe vírgulas. Nem apostos. Não precisa de explicação. Ele é auto-explicativo.


Eu, diferente, da telegrafia, sou prolixo e impreciso. Falo muito para explicar poucas ações. Penso em profusão. Não tenho sentido nenhum. O sentido vem em sentenças longas. Muitas vezes incorretas. Expostas em solavancos.


Essa introdução imobiliária, hipotecária, bancária e em rede, é só para preparar uma reflexão um pouco exaustiva. Uma reflexão sobre amizades e sobre distância e sobre crescimento e sobre amadurecimento e sobre família e sobre parceria.


Tenho sensações diversas quando descubro por telefone, e-mail, blog, mensagem de texto, voz ou dados que algo está diferente nas pessoas, na família, nos amigos que conheço, que cresci junto, mas que hoje crescem separadas. Fico triste ao saber que um casou ou que um reatou um namoro ou que um trocou de emprego ou que está brigado com alguém ou que está decepcionado/feliz com alguma coisa. Fico triste não por inveja ou por sadismo. Fico triste porque não pude estar lá para participar desse evento/emoção/reação. Simples assim. Fico triste ao saber que cada vez mais eu sei menos sobre meus amigos e sobre a minha família.


Antes eu tinha relatos cotidianos sobre o que se passava com todos eles. Hoje, está bem mais difícil. Sei apenas das grandes decisões, dos grandes eventos, das grandes avalanches. Nada de rotina. Nada de nada. E sei também que eles sabem cada vez menos das várias coisas que acontecem na minha vida. Não sabem sobre como é a minha relação no trabalho, como é idiossincrática e bela a vida com a minha namorada. Jamais saberão que no final de semana briguei com um flanelinha qualquer porque outro flanelinha qualquer amassou deliberadamente meu carro.


Enfim, queria estar mais presente. Mas diante da decisão de crescer longe resta manter-me atento à todas as grandes reflexões/eventos/emoções que acometem a todos. E continuar ligado no telefone, e-mail, blog, mensagem de texto, voz ou dados.



*Para ler essa mensagem é preciso sincronizá-la com a versão de Country Roads, feita por Me First and the Gimme Gimmes