12.31.2004

Uma música para temperar o clima de final de ano

Relive the Magic...Bring the Magic Home

So you run away
Told you all these things
and yet you couldn't stay
Wouldn't even stop to give the time of day
And everything I said won't make these things okay
Cause all I have to say is

Girl you mean
so much to me
I wish that I
could make you see
The way you wanted me to be
Is just as easy as 1-2-3
Across the world
so far away
I knew the words to make you stay
Of course it's what I didn't say
Still I knew the words to make you stay

You smile at me
and wave to me
I know exactly where and what I want to be
And if I wait for this
Estava eu às 3h28 da manhã de quinta-feira relendo a peça que escrevi "Faltou um Elvis no nosso Rock n Roll" e percebi que a solução que dei para a conclusão do texto é descabida, está totalmente fora do eixo da trama. Parece que foi um final cozinhado para fazer sentido com a totalidade da peça. Não gostei. Nos próximos dias tentarei escrever novamente a conclusão, espero que não leve muito tempo.

Que se esclareça um ponto: Não podemos voltar atrás em algo que já foi declarado, portanto essa coisa de segunda chance não existe.

12.29.2004

Para quem ainda duvidava da veracidade da teoria que ouvi de um taxista sobre mulheres de tornozelos grossos, segue um trecho do livro "As Ilhas da Corrente", de Ernest Hemingway.

"O diabo é que a única princesa com quem já tinha feito amor, além das princesas italianas, o que não valia, era uma moça sem atrativo nenhum, de tornozelos grossos e pernas discutíveis, mas que possuia bonita pele de nórdica, cabelos reluzentes bem escovados, e gostava de seu rosto, seus olhos, e dela mesma, e sua mão ficava muito bem na mão dele quando se debruçavam na amurada, ao longo do Canal de Suez, perto das luzes de Ismaília."

PS: E meu computador volta a funcionar!

12.24.2004

Nos melhores momentos da vida, tudo o que precisamos é de boa música como trilha sonora, o conforto da sua cidade natal e a expectativa de ouvir o som do oceano nos próximos dias.
Como diz a música do Buck-O-Nine: minha cidade, minha rua e a mente em paz. Skate na mochila, ao invés do reagge, meu vizinho ouve Iron Maiden, chaves na bermuda e uma cerveja gelada na mão.

Feliz Natal!

12.21.2004

Cada vez mais tenho certeza que a vida é um feriado. ROCK!

Sometimes life can knock you down
Just gotta pick your ass up off the ground
Probably don't matter anyway
'Cause in the end it's gonna be ok
Because life's a holiday
Don't wanna go and work harder
Just to keep my head above water
Can't hear what teacher's trying to say
'Cause it makes no sense now anyway
And tomorrow's another day
And I just wanna play
'Cause I know that we'll be ok
'Cause Life's a holiday

12.20.2004

Trendy winds are blowing through my hair
the punk-elite are checking everything I wear
I'm tired of their endless whine, why can't they mind their own
cause what I am is what I will be

Don't need you or your crew
to tell me what to do
everyday when you try to waste my time
I waste a rhyme

sometimes I can't understand what's wrong
to all you suckers we dedicate this song

Millencolin é foda. Final de semana da beleza. Showzinho no domingo, churras de aniversário no sábado. Bêbaço sem noção!!!

Je suis vraiment fatigué e je veux dire "TAIS-TOI" a tout le monde. Je suis fâcher de ces gens là que me disent quoi faire.

12.15.2004

Pleasure is to be insane and ignorance is bliss. Um dia antes do meu aniversário, que puxa! VOU FAZER 24!!! TO VELHO PRA CARALHO, mas continuo um pestinha, como dizem meus colegas de trabalho. Como foi declarado pelo Quarteto Caralho Duro: Outra cerveja por favor!

Hoje vim trabalhar ouvindo uma música bacana do Rancid e me lembrou bons momentos de uns seis anos atrás. Não foi um outro dia ruim. O cansaço está desaparecendo. Ansioso para chegarem minhas folgas.

Who would've thought that the dreams come true?
And who would've thought I ended up with you?
And who would've thought what they said was true?
But it was and you are, light in darkness come through

12.13.2004

Puta que pariu! to de saco cheio de internet e invasões de privacidade. Eu ando sem paciência para muita coisa. E ando sem tempo para muita coisa também, e isso me entristece. Caralho, queria mandar todo mundo tomar no CU, no CU, entenderam, NO CU!!!! FILHOS DA PUTA!!!!!

Sick of people's ambition, sick of no life. I must have had a dream about you 'cause I woke up in the worst of moods and when I looked at the clock my day was already ruined. It seems my day's always ruined. FUCK THIS SHIT!

12.05.2004

Caralho, estar em São Paulo é muito bom. Ter amigos que te entendem, que não te julgam e que querem beber simplesmente porque a cerveja ainda não acabou. Puta que pariu isso é muito foda. Show do Pennywise foi indescritível. Eu estou um pouquinho blé agora, 4h30 da manhã de sábado para domingo, mas é porque eu sou idiota. Eu só estou sentido falta de uma pequena coisa. O bom é saber que o rock não morre, ele prefere cutucar nosso coração para reiterar sua presença. I didn´t wish to be in any other place so I´ll rock my head out here until it last. Never let us go!

11.29.2004

Ainda não é a última hora do último dia de trabalho. Aliás, a semana está somente começando. Mas o tempo passa muito rápido, quando a gente olha para trás, 10 anos se foram. Tem um ditado que diz: "o tempo passa num piscar de olhos, então nunca feche os olhos". Às vezes é difícil, ainda mais quando uma semana é bastante cansativa. Ainda bem que deu para descansar bastante no final de semana. Odeio ficar de ressaca, ODEIO.

Vai um Less Than Jake
"you can't second guess how to live your life"
All these years have been way too short
to be spent on some factory floor like me
I never went back again
I never looked back again
And he said
So when ambition turns into competition
I'll never be the better man
It's the last hour of the last day
don't fall so far behind now
you'll be another nameless face

Competitivo, talvez. Ambicioso mais ainda.

11.23.2004

São 3h36 da manhã. Estou trabalhando, escrevendo matéria sobre a reforma ministerial que está sendo desenhada pelo presidente Lula. O sono apareceu, morreu e agora voltou muito saudável. Apesar de cansativas, as articulações políticas para a renovação na Esplanada dos Ministérios estão me deixando mais escolado para tratar de uma negociação política tão grandiosa. Dessa vez não foi um churrasco na casa do ministro da Previdência com a bancada de senadores do PMDB, foi um encontro na residência oficial da Presidência da República na Granja do Torto com os 17 ministros petistas do governo. Enfim, já disse que estou cansado? Ainda bem que vai começar o festival de cinema aqui, né?

Ah, e quero continuar tendo certeza de que sou brash and hopeful.

11.20.2004

Muito bem, são 4h08 da madrugada de sábado. Não estou bêbado, aliás, mais sóbrio impossível. Acabei de enviar uma matéria para edição sobre o jantar entre o presidente Lula e a bancada do PMDB no Senado. O jantar, que na verdade foi um churrasco na residência do ministro da Previdência, Amir Lando, terminou lá pelas 2 e tanto da manhã. Estou absurdamente casando, comecei a trabalhar às 11h da manhã de sexta-feira. Achei que seria um dia tranquilo, enganei-me, infelizmente.
Apesar de passar a vida esperando em portarias, consegui me divertir e tive a chance até de experimentar a carne do churrasco.
Bom, acho que é isso, melhor dormir cedo do que tarde, não é? Não tenho hora para acordar, portanto evitem de me ligar. Tentarei sonhar com qualquer coisa menos crise na base aliada e no PMDB. Nunca é demais repetir, o rock não dá trégua.

11.17.2004

Tô de saco cheio, muito de saco cheio. Não estou de bode, porque estar de bode significa ultrapassar os limites do tédio. Não, estou de saco cheio, cansado, puto da vida, nervoso e com dor no estômago. Cara, essas variações ridículas de humor são impossíveis de se entender. É, no mínimo, esdrúxulo uma pessoa não ter consistência alguma do momento de sua vida. E isso me faz pensar se vale a pena o mínimo de esforço que tenho feito ultimamente. Certas coisas definitivamente não valem a pestana contraída. Eu quero tomar uma cerveja e ficar tranquilo. E também tô com mó saudade de São Paulo e dos meus trutas e da minha família e de sair na Vila pra tomar uma cerva com o Marião, encontrar o Hamiltão, ligar pro Cássio pra contar as merdas da noite anterior, fazer um som entre amigos, ir no Fanra assistir a um show da banda do Alan, dar um churrasco em casa e ter todos os meus amigos ao meu lado, fazer planos profissionais com o Tche que nunca dão certo, ligar pro Fernando chamando ele pra uma balada e ouvir "não dá, to no escritório ainda", jogar uma sinucarias com o Léo, o Tito e o Mobi. What the hell mood swings just make me fucking sad. QUE MERDA, VIU.

11.15.2004

Rivalidade

Não muito egoísta
Tampouco altivo
Não muito atento
Muito menos distraído
Não muito emocionante
Nem mais entediante

Simples rotina
Horas casadas
Metódico, ordenado, programático, pragmático, realista,
Menos objetivo.

Não muito sensível
Tampouco sem alma
Não muito viceral
Muito menos superficial
Não muito frio
Nem menos vibrante

Complexa pauta diária
Que avança em pequenos momentos
Desordenado, desregrado, desorganizado, desmedido
Menos subjetivo.

Só um pouco sentimental
Só um pouco, o suficiente
Só um pouco insípido.

11.13.2004

O tempo é indeterminável. Adoro o cheiro da chuva caindo na grama. Em São Paulo, essa sensação inexiste.

11.08.2004

Ativismo

Retórica dos loucos
Um simulacro mal cuidado.
Qual pensamento?
Qual ideologia?
Qual humanidade?

A eternidade cronológica
As palavras secas --páginas de inverno.
Qual movimento?
Qual apatia?
Qual artificialidade?

Revolução inerte, prussiana,
A mudança estática, imóvel.
Qual desenvolvimento?
Qual filosofia?
Qual inventividade?

A cooptação da estética
E o fascínio pelo poder.
A imaginação perdeu-se
E conhecimento interrompeu-se:
Estupidez das belas palavras.
Qual felicidade?

11.05.2004

Revolucionários


Subcomandante Marcos, líder e um dos principais guerrilheiros do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).

O EZLN apareceu para o mundo em 1o de janeiro de 1994, dia em que entrou em vigor o Tratado de Livre Comércio do Atlântico Norte (Nafta). O objetivo era denunciar o baixo desenvolvimento social do povo pobre mexicano e mostrar que as comunidades indígenas do estado sulista de Chiapas tinham demandas e não poderiam ser esquecidas pelo recém-inaugurado estado neoliberal.
O movimento começou com a ocupação das cidades de San Cristóbal de las Casas, Las Margaritas e Ocosingo, invasão de grandes propriedades, sequestro de fazendeiros e ataques a instituições públicas. A notícia espalhou-se rápido e o movimento aproveitou para difundir suas idéias através de diversos comunicados.
Em sua primeira proclamação, o EZLN declarou "guerra ao Exército federal monopolizado pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI, que ficou 70 anos no poder até a vitória de Vicente Fox em 2000) e encabeçado pelo Executivo federal que hoje tem como chefe máximo e ilegítimo Carlos Salinas de Gortari (presidente de 1988 a 1994)".
O EZLN apresentou-se como um movimento nascido do resultado de "500 anos de lutas" e exigiu "trabalho, terra, teto, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz" para todos os mexicanos, indígenas ou não.
Subcomandante Marcos é uma figura desconhecida, não mostra sua face, apenas seu cachimbo e a tradicional jaqueta camuflada com a foto de Emiliano Zapata, líder da Revolução Mexicana no começo do século XX.

Irmãos e Irmãs,

No mundo inteiro há em disputa dois projetos de globalização. O que está acima, que globaliza o conformismo, o cinismo, a estupidez, a guerra, a destruição, a morte, o esquecimento. E o que está abaixo, que globaliza a rebeldia, a esperança, a criatividade, a inteligência, a imaginação, a vida, a memória, a construção de um mundo onde caibam todos os mundos. Um mundo com...

Democracia!
Liberdade!
Justiça!

Das montanhas do sudeste mexicano, pelo Comitê Clandestino Revolucionário Indígena -Comando Geral Do Exército Zapatista de Libertação Nacional.

Subcomandante insurgente Marcos

México, Continente Americano, Planeta Terra,

Setembro de 2003

Esta é uma carta do Subcomandante que abre meu livro reportagem "A face em crise da globalização: ativismo pós-crise financeira da Ásia", resultado do trabalho de conclusão de curso de jornalismo da PUC-SP.

11.02.2004

.

Essa é uma fotografia do cubano Alberto Korda chamada El Quijote de la farola tirada em 1959.
Korda é o mesmo fotógrafo que registrou a famosa pose de Che Guevara em 1960, que estampa camisetas, bandeiras, discos, botons, pôsteres. Apesar de ser uma das fotografias mais reproduzidas em todo o mundo, Korda nunca ganhou um centavo por ela.
A fotografia só foi divulgada sete anos depois, em 1967, quando Che foi assassinado na Bolívia. O cubano a repassou para um jornalista italiano que rapidamente a publicou em um cartaz na Itália.
Até Andy Warhol usou a figura capturada do revolucionário argentino para fazer sua arte pop. Ou seja, muitas pessoas ganharam dinheiro às custas da arte de Korda. Num mundo em que a usura e o lucro extrapolam os direitos de vida dos homens, não se pode estranhar tal prática.
Mas até mesmo as empreitadas descabidas do capitalismo têm seu limite, em 2000 após a Vodka Smirnoff estampar em uma de suas propagandas a famosa foto do guerrilheiro heróico, Korda processou a companhia e recebeu seu primeiro royaltie: 50 mil dólares. Ele morreu logo depois em maio de 2001.

Somos todos culpados por nossa ignorância.

10.31.2004

Fluta como borboleta, ataca como abelha

Acabei de assistir ao documentário "Quando éramos reis" sobre a luta do George Foreman contra o Muhammad Ali no Zaire em 30 de outubro de 1974, promovido por Don King, com custo de 10 milhões de dólares patrocinado pelos cofres públicos do Zaire, numa empreitada megalomaníaca do governo do ditador Mobuto. Mas vou deixar os comentários políticos de lado.
Independentemente da figura do vendedor de churrasqueira elétrica, gosto do George Foreman, ele é um boxeador espetacular. Conheço bem mais sua biografia que a de Ali, sobretudo porque ele parou efetivamente de lutar em 1997. Ali deixou as luvas de lado em 1981 depois de perder um confronto para Trevor Berbick por nocaute.
A história de lutas de Foreman inclui além de uma derrota fatiguante a Evander Holyfield uma disputa contra Adílson Rodrigues Maguila em 1990, que ousou desafiar o campeão e foi derrubado no 2o assalto, num evento em Las Vegas.
Apesar de tudo isso, a biografia de Muhammad Ali extrapola os limites do quadrado do ringue. Ele se recusou a lutar no Vietnã, foi preso, converteu-se ao islamismo e solidificou-se como um ativista político do nível de seu mentor Malcom X. O próprio George Foreman classifica Ali como um deus, um boxeador que não colocou os pés sobre a lona de um ringue porque flutuou sobre o palco da luta.
Desculpa caro Foreman, mas ALI, BOUMA YE!!!

10.30.2004

J'envie de me promener sur une boulevard de ce pays que reste à ma tête. Peut-être l'Ukranie, pourquoi pas l'Irak. À ce moment là je peux pas rester mes pieds à Brasília, j'ai l'espoir de la revoir un jour, mais maintenant je suis fatigué, vraiment. C'est incroyable la similitude d'actions de ces deux filles. Laissez-moi les appeler de blonde et brune, d'accord? Je suis un étranger à quelque part que je me promene, à quelque dialogue. J'ai besoin de comprendre ton sourire. J'ai besoin.

Je voudrais que tu m'appelles plus souvent,
Que tu prennes parfois devant,
Et je voudrais que tu te rappelles,
Notre amour est éternel... artificiel

10.27.2004

I'm the one
I've been here for you all along
I'm the one
Who's shoulder you've been crying on

Nice guys finish last no one knows as good as me
We're just good friends and you come for me for sympathy
You tell me that I'm not your type
But still you call me late at night
Everytime he picks a fight
After all he's said and and all he's done

I'm the one
I've been here for you all along
I'm the one
Who's shoulder you've been crying on

He's a total dick that's the truth and you know I'm right
From everything you say there's no way he'll ever do you right
You love a man who treats you wrong
You think you'll change him but you're wrong
He'll use you then you'll say so long
After all he's said and all he's done

I'm the one
I've been here for you all along
I'm the one
Who's shoulder you've been crying on

I'm the one who wants you more than anything
You don't feel the same way you made it clear to me
But I'll stand my ground and maybe you'll hear what I'm saying
After all I've said and all I've done

I'm the one
I've been here for you all along
I'm the one
Who's shoulder you've been crying on
I'm the one

Ai ai. Descendents é foda!

10.24.2004

Engraçado. Essas duas últimas mensagens trouxeram à tona muita coisa na minha cabeça. As duas remetem a um passado um tanto quanto recente. A primeira, "Consumismo pela prosperidade", foi um texto que escrevi para a aula de Análise dos Sistemas Audiovisuais, do Silvio Mieli, no terceiro ano da faculdade. Caralho, foi uma das melhores aulas da PUC, a que realmente aprendi mais (a do Mieli e a do Jorge Rafael!!!), sobretudo porque fazia um paralelo com o meu trabalho de conclusão de curso que foi sobre o crescimento do ativismo pós-crise asiática 1997.
A última, essa do superhomem, foi uma pseudo carta que eu escrevi também no terceiro ano logo depois de terminar com a minha namorada. Parecem besta todas essas palavras, mas elas carregavam um significado extenso acima de tudo porque eu deixei a maluca por uma menina que, na época, abalava minhas estruturas (quer dizer, abalou por 3 anos) --pena que eu e ela nunca ficamos juntos. E hoje cada um cresceu de maneira diferente com ideais e aspirações diferentes. Ela ficou uma boçal e eu não. Rá.
O engraçado é que no terceiro ano, apesar de absurdamente imaturo, eu me achava "o" velho. Que idiota. Fazia um monte de merda. As merdas continuam, mas continuo a me achar "velho". Babaca.

C ya in the pit with NoFX - It's My Job to Keep Punk Rock Elite!

10.23.2004

Eu gostaria de fazer tudo o que quero sem esquecer meus princípios, imaginando-me um super homem. Eu gostaria de fazer tudo o que quero, vesti-la em suas roupas e fazê-la pensar como você, mas o mundo parece ruir aos meus pés. E essa música que insiste em tocar tenta apontar a caminhos mais claros e dar respostas objetivas às minhas confusões. Por não saber o que fazer, gostaria de deixar tudo para trás.
Aqui estou, ficando velho com o passar do tempo e cada vez menos jovem em minha mente. A minha tranquilidade vem nos pequenos momentos de sono em que esqueço que minha cabeça pesa toneladas no travesseiro. O peso do erro em situações cruciais limita o campo inventivo de minha mente. Para abstrair o fardo, a saída é a circularidade. Não desisto, sou teimoso e insistente. Se sinto-me fraco, se sinto que há algo de errado é porque tentei vestir suas roupas nela, porque a fiz ouvir nossa música, porque imaginei que poderia sentir o seu carinho novamente, porque a forcei a me beijar como um dia você me beijou. Você é única, insubstituível e feita com os cuidados que a mão humana não repete duas vezes.
Eu gostaria de fazer o que quero, para nesse momento lhe dar adeus com a certeza e a intranquilidade do erro. Sou induzido a dizer que não posso sentar-me e assistir às nossas vidas passarem. Não sou super homem, sou insípido.

10.22.2004

Semaninha da porra, viu. Zica de merda. O rock renasceu e não vai dar trégua.
Essa música do Get Up Kids, Campfire Kansas, levanta qualquer espírito. Ela é mó bacana e animada. Gostaria de passar um dia nesses termos: andando numa trilha, descendo uma corredeira, fazendo um pique-nique, deitando-me na areia, sorrindo sem motivo e curtindo o sol até a lua começar brilhar para todo mundo. Staying afloat and making the most of everything.

10.18.2004

O consumo pela prosperidade

Os entusiastas da globalização corporativa, o mais recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendem que ela é necessária porque romperia os obstáculos ao comércio e à comunicação, reduziria a pobreza, a fome, aceleraria o acesso à riqueza, ou seja, traria prosperidade aos povos.
Na prática, a globalização impôs novas barreiras que ampliaram as distâncias entre ricos e pobres, entre elas o analfabetismo tecnológico e a exclusão digital. Antes da explosão do liberalismo de mercado, a inclusão social ocorria nos espaços públicos, como escolas, centros de aprendizado, etc, a digital não diferencia ricos e pobres. Os anos 1990 foram responsáveis por um crescimento desenfreado do consumo pela vida, e a inclusão passou a ser vendida através da associação entre uma marca e um determinado status social e concebida pelo acesso à rede de comunicação e informação, a Internet.
Consolidou-se, então, o imobilismo da sociedade, ou seja, não basta ter recursos, o importante é ter marcas e explorar o virtualismo da vida. O padrão de consumo extrapolou os limites e se sobrepôs ao valor humano. Os direitos de um consumidor são inalienáveis, permanentes e intransferíveis, enquanto o direito pela vida é objeto de polêmica dentro da sociedade.
Exemplo: a Constituição prevê que as propriedades de terras devem cumprir sua função social --respeito ao meio-ambiente, aos direitos trabalhistas--, caso contrário o governo as desapropriaria e as destinaria à reforma Agrária. Na prática, grupos com forte poder político conseguem burlar a lei, enquanto, organizações de sem-terra, com pouca representação no poder central, não conseguem acesso ao seu direito constitucional.
Dessa forma, o padrão de consumo a partir dos anos 1990 solidificou-se através da máxima: "a vida precisa de subterfúgios para se manter, do contrário, é apenas sobrevida".
A gigante dos petróleos Exxon Mobil, por exemplo, usa seu forte poder de lobby para interferir na legislação européia, que tenta proibir o uso de PVC em brinquedos de crianças. O interesse da Exxon explica-se no mercado de petróleo: se a nova lei européia passasse, a demanda por produtos derivados da commodity cairia, a receita potencial da empresa encolheria, consequentemente seus lucros. Para evitar essa sequência de fatos, no entanto, a empresa dispensaria os funcionários "descartáveis". Num mundo em que o poder do Estado é inversamente proporcional à força das corporações, o argumento de crescimento do desemprego sensibiliza qualquer parlamentar, seja ele de qual espectro político for.
O início do século 21 consolidou a tendência consumista. Por isso, exalta-se a marca e a imagem, enquanto cobra-se direitos por ambos. O convívio social e o povo foram destruídos, o homem desconstruído como uma máquina de desejos consumistas. Os direitos não são pela vida, mas pelo impulso das compras. Absurdo é explorar o consumidor, não o ser humano.
Vender um produto mal feito é crime, o abuso aos direitos humanos é polêmico. Atualmente a legislação tem peso maior para um consumidor do que para um preso que foi espancado e torturado sem razão.
Mirando nessa ampliação do consumo, a publicidade tomou conta de todos os espaços possíveis, desde escolas até paredes de banheiro. O que vale é a exploração descabida da publicidade.
"Quando a exploração do espaço chegar a níveis absurdos, serão as corporações que nomearão tudo. Estaremos diante da Esfera Estelar IBM, da Galáxia Phillip Morris e do Planeta Starbucks", sentencia um trecho do filme Clube da Luta.

Trilha sonora: When rethoric dies, Boy Sets Fire
Inerte,
Batida do coração
O som torna-se a esquecer.

As palavras nada significam,
A boca articula incoerências.
Sou nada além da inexistência
Não tenho o que declarar.

A paralisia
Interrompe o nosso processo,
E não tenho compaixão,
Não há emoção.

O sentimento,
Deixado de lado,
É o nosso concreto,
A nossa solidificação
Que se deteriora
Ao comando de sua voz.

Sou inerte.

10.17.2004

Nova cara. Novas fontes. Novas idéias.

Eu continuo o mesmo.

Imaturo? Talvez.

10.16.2004

Pois,

A oscilação da variante máxima de um vetor sempre é pouco precisa e má aferida. Se a física é cheia de irregularidades, porque a vida andaria adequadamente num trilho? Não anda e quer saber por que? Porque ela trabalha com uma certa folga, as chamadas variações de humor, nos trilhos que sustentam as dilatações e imperfeições do cotidiano.
Acho que o que eu quero dizer é que qualquer comida é boa se ela realmente enche a pança, te faz arrotar e sorrir feliz. Nesse instante, tudo o que queria era uma cerveja gelada para aliviar esse calor da porra.

Et donc demain une autre bière pour que nous devenions heureux.

10.14.2004

Eu acho Descendents foda. E hoje estou com a sensação "What Will I be Like When I Get Old". O sentimento reflete meu atual estágio de vida e não um cenário embaçado que tento clarear. Acho que não consigo colocar em poucas palavras o que seria essa avaliação, ou como ela seria constituída: quais objetivos, metodologia, variação de notas. Não sei. Não estou confuso, só um pouco.

Depois de idas e vidas, seja lá qual for o momento, este instante atravessado é bacana. Apesar de só as pessoas que curtem SKA adoidado estarem habilitadas à felizlândia, acho que os roqueiros podem ser contentes também, sobretudo porque o ROCK NÃO DÁ TRÉGUA.

Só estou preocupado com assuntos alheios que não deveriam pesar minha cabeça, infelizmente não posso evitar.

When I get old

What will it be like when I get old
Will I still hop on my bike
And ride around town
Will I still want to be someone
And not just sit around
I don't want to be like other adults
Cause they've already died
Cool and condescending, fossilized
Will I be rich will I be poor
Will I still sleep on the floor
what will it be like when I get
What will I be like when I get
What will it be like when I get old
Will I still kiss my girlfriend
And try to grab her ass
Will I still hate the cops and have no class
Will all my grown up friends say
They've see it all before
They say hey act your age and I'm immature
Will I do myself proud or only what's allowed

Imaturo? Talvez.

10.06.2004

I'm holding out for a better deal, for something real. You know I'd like to say that I could spend a day at home with it left off. How stong's our will? Gorilla Biscuits é muito bom. Terça-feira, ok. Minha cabeça gira em torno de quarta-feira. Eu odeio trabalhar no domingo.
Melhor do que uma cerveja na quarta-feira, são duas cervejas na terça-feira.

Há algumas semanas minha cabeça estava extremamente focada em um certo assunto, mas ele foi tão desgastante que se foi, esgotou-se. Como disse o Fernando, eu sou muito volátil, volúvel, mas acho que a decisão é acertada. Sentimentos e mente renovados. Whatever tomorrow brings I'll be there.

Como não era improvável, recomendo Stand Still do Gorilla Biscuits!

10.04.2004

Já se passaram quase 20 minutos das 5 horas da manhã. Os últimos repórteres aqui no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que eram da Agência Estado, foram embora há algum tempo, não sei precisá-lo. O sono já veio e se foi. Como basicamente não há nada para se apurar, senão ficar atento ao lento andamento da contabilização em São Paulo, estou ouvindo um som maneiro aqui no meu laptop.
Acho que estou resignado, sobretudo porque não quero ficar reclamando da vida.
Esquecendo o domingo no TSE, o final de semana foi bacana (quero enfatizar que Incubus é muito melhor para se ouvir acompanhado). O rock não dá trégua.

Ouvindo Save Ferris - Everything I Want to Be.

9.30.2004

To pad the hoof

I vent my anger on the dashboard
As anguish blur my sight
And road signs lingers our distance
My will triggers a glimpse of light

Immobilized like an angler
When unending staring dizzies my mind
Straight forward to the past
As I redress this nonstopping cloudscape

Weak at the steering-wheel
As the strength has drained dry
And my shriveled eyes repose still
I bluntly shift my course

The carburator chokes this high gear
So I veer off in your direction
Alone and astray on this road
Wondering if you ever wanted to join this ride.

9.29.2004

Vencido

O heroísmo acabou-se,
A coragem adiou-se,
A vontade encolheu.

O poder é fraco,
A compulsão é grande,
O vício cresceu.

A ansiedade expandiu-se,
A voz apequenou-se,
O desejo venceu.

A emoção é imprudente,
O calor é prazer,
A moléstia enfraqueceu.

Os olhos fecham-se,
Os corpos suspiram
Em um gentil toque de seus lábios.
A luta acabou.

9.28.2004

Este é o motor de navio movido a diesel mais eficiente do mundo. Construído por uns japoneses xaropes, ele tem 15 metros de altura por 30 m de comprimento. Detalhe, é um prédio de 10 andares deitado.

9.26.2004

Sábado teve show da minha nova banda aqui em Brasília que se chama Raff, como já havia colocado algumas mensagens abaixo. Por minha entrada ser recente, tinha baixa expectativa quanto à minha performance, mas achei que foi boa, bem boa. Pena não ter visto a reação da galera porque uma luz de merda me ofuscou absurdamente.
O mais legal foi a apresentação da banda: "Hoje vai tocar a banda do Raf que ainda não tem nome". Foi hilário.

How are you? How have you been?
Girl I miss you.
Wanna see you again.
Oh why you wanna be there,
When you could be here?

9.24.2004

Bem, acho que não tenho nada inteligente para dizer sobre essa semana. Quer dizer, ontem enchi a cara de cerveja e Salinas, que é a melhor pinga de todos os tempos.

Nota mental: Cerveja com Salinas é um bom casamento, melhor do que queijo miiiinas com goiabada!

So why collide when we're running out of time?
It's not a matter of right or wrong
When time's all we got and distance just seems to fade out
Remember: when breathing think of me.

9.21.2004

Deville
This god damn car is broken down again
looks like I'm sleepin' in the back
and I'll be dreamin' of a better place
only to call you in the morning
with the same excuse again
by the side of the freeway
watchin' all the cars go by
I think tomorrow will be the day
I get my shit together
and give up this crying game
I've been here before
I know I'll be here again
I don't know why
but it don't feel the same
For one moment I can see clearly
the weight of the world
don't seem so bad
then I find myself here
right back where I started from again
indecisions's no solution
the days that lay ahead
so I begin to scramble
in my head for the answers
only to find myself shutdown
by the same mistakes again
lookin over my shoulder
for the things that pass me by
I know tomorrow will be the same
I'll find a new excuse
to make the same mistakes again
I've been here before
I know I'll be here again
so many wasted hours
so many wasted intentions

9.20.2004


Uma foto de um tempão atrás. Goodstream num show no Hangar. Eu , Cássio no vocal, Marião na guitarra e o Felipe lá atrás, escondido.

Na pláteia, Hamiltão, Fernando (antes de entrar para a banda) e pessoas que não reconheço.

Puta saudades dessa época.

O rock não dá trégua.

9.19.2004

O outro lado da correnteza


Assisti ontem ao filme Encontros e Desencontros. A estranheza, desconfiança, apatia e desinteresse do personagem do Bill Murray em relação a Tóquio são as mesmas sensações que tive de enfrentar (e acho que ainda lido com elas) aqui em Brasília.
Entrar num bar e ter ninguém para conversar, tomar uma cerveja sozinho olhando para o rótulo da garrafa e pensando o que de melhor haveria para se oferecer é um corte do cotidiano no plateau; como diz Lane Meyer: if there´s a will: there´s still nothing (even though hope is always a good thing).
Minha ambição é modesta por isso acho que mais do que isso não há nada (concreto), somente o elevado desejo de mostrar Brasília para uma turista.

It was fun for a while
There was no way of knowing
Like dream in the night
Who can say where we´re going
No care in the world
Maybe i´m learning
Why the sea on the tide
Has no way of turning
More than this - there is nothing
More than this - tell me one thing
More than this - there is nothing

9.17.2004



A foto de um dia anterior
Transforma o passado em viva realidade.
Os olhos que fecho agora
Aproximam essa estranha sensação ao reconforto.

O desejo de romper a rotina
Incendeia a pequena razão em que vivo.
O suspiro que persiste em ofegar-me
Deixa minha sutil angústia latente.

O dia que nos separa
Abre caminho para o despertar de nossas vidas.
O arrepio que acelera seu retorno
É a certeza da vontade de te ver, te beijar, sentir meus dedos tocarem seu rosto e ver seus olhos atentos ao entrelaçar de suas mãos.

9.15.2004

O meu horóscopo diz que as coisas estão ruins pro meu lado. Como diz o presidente é melhor jogar a urucubaca de lado e ouvir um som maneiro. Tipo um Beastie Boys para acordar todo animadão, só assim para aguentar essa semana do caralho aqui em Brasília.
Bom, eu apareci duas vezes na televisão hoje, conversando com dois ministros o Aldo Rebelo e o Guido Mantega.

A sensação é que: "ainda bem eu sou jornalista da imprensa escrita, assim não apareço tanto na tevê".

Aloha Mr. Hand.

9.11.2004

Foto de quando eu ainda estava em São Paulo na semana passada.




That’s me on the beachside combing the sand metal meter in my hand sporting a pocket full of change. That’s me on the street with a violin under my chin playing with a grin, singing gibberish. That’s me on the back of the bus, that’s me in the cell,
that’s me inside your head. That’s me inside your head.

PS: Don´t go too deep into disconcert, ok? There´s this Weezer song, remember it: Don´t let go. I´ll always be nearby wherever I am.

9.10.2004

Como diz o tal filme: é muito difícil usar música alheia para expressar um sentimento interno.

Dull (Astray)
I don't want to spend another long and lonely weekend by the phone without anyone to call I've had a lot of time to think and I'm so tired of thinking I know why he put that bullet in his skull.

TOP 5 PRE-WEEKEND SONGS
1) Dull - Samiam
2) Don't Let Go - Weezer
3) One in a Million - Bodyjar
4) Cerveja Barata - Rock Rocket
5) Closed Caption - Fugazi
Esboço de esclarecimento

O pequeno papel roto cheio de confusões
Que ainda caminha comigo nessa rotina circular
Carrega um sentimento renovado e ansioso
De um longo tempo de espera teimoso.

O seu calor que havia sido resignado
Voltou a queimar, a arder, a tremer e a suar
E o melhor dos dias finalmente demorou a dormir.


9.06.2004

Abaixo segue uma lista de músicas que me fazem pensar e lembrar de vários eventos. A idéia não é minha, mas achei bacana. Então aí segue, diz um pouquinho de mim

* me faz dançar: Baby got Back – Sir Mix-a-Lot
* me faz feliz: 25 Cent Giraffe - Lifetime
* me empolga: My Life in the Knife Trade – Boy Sets Fire
* me faz lembrar alguém significante: Radio - Rancid
* me faz lembrar dos amigos: Automatic – Less than Jake
* me faz lembrar de uma ex: Action & Action – Get Up Kids
* descreve minha relação com meus pais: Dammit – Blink 182
* me entristece: Por el Suelo - Manu Chao
* me faz pensar na vida: Dull – Samiam
* diz muito sobre mim: Loser of the Year Award - Boy Sets Fire
* ouço quando estou com raiva: NoFX – Falling in Love
* não gostaria de ouvir de novo: System of a Down
* me casaria ao som de: Final Frontier – Anita Baker
* faz meus amigos lembrarem de mim: Harmonic – Unwritten Law
* gostava, mas agora nem tanto: So Nice – Bebel Gilberto
* faria tudo para ouvi-la num show: Sure Shot – Beastie Boys
* me faz lembrar da minha infância: Take My Breath Away – Top Gun
* adolescência: Would? – Alice in Chains
* é melhor acústica: My Hotel Year – The Ataris
* é a melhor música: Sure Shot – Beastie Boys
* gostaria de acordar com: The Sweet Sound of Your Voice - Circus of the Stars
* gosto e meus pais também: Tanto Amar - Chico Buarque
* é melhor ouvida quando se está bem acompanhado: Pardon Me - Incubus
* me faz pensar no passado: Sabotage – Beastie Boys
* me faz pensar em sexo: You Shook Me All Night Long – AC/DC
* me faz querer estar sozinho: With or Without You – U2
* me faz sorrir: You & Me & The Bottle Makes 3 Tonight – Big Bad Voodoo Daddy
* gosto da música, mas não da banda: Mas que Nada – Jorge Ben Jor
* não é o meu "tipo", mas eu gosto: You Were Meant For Me - Jewel
* faz lembrar alguém que quis e não pude: Só Tinha de Ser Com Você – Elis Regina & Tom Jobim
* posso cantar bem: Take Our Cars Now – Saves the Day
* gosto mas é só instrumental: Rick´s Theme – Beastie Boys
* não foi lançada recentemente, mas eu adoro: Don't Take Your Guns To Town – Johnny Cash
* para se cantar bêbado: I Hope That You´re Unhappy - Farside
* eu gosto mas ninguém conhece: Tu Dis Rien – Louise Attaque
* estou ouvindo agora: One In a Million – Bodyjar

9.03.2004

Just don´t ask me about forever. It´s way too long. I´m living today; as we all know tomorrow come today only if you wish to the stars. Would you care enough to hold me tight while I try to put you against the wall?

Will you ever be around while I´m gone?

Don´t wait for me in bed you´ll get frustrated because this night started as the saddest sun sat down.

PS: Playing safe is the worst move.

Redescobri Midtown e é mó legal (rimou). Like a Movie.

9.02.2004

If I write you a song with no beginning that doesn´t have no meaning would you care enough to listen to it?

Essa é a primeira quarta-feira do mês que eu não tomo cerveja... que saco!

As we all know nothing gold can stay.

9.01.2004

Estou altamente decepcionado com o trabalho. Absurdamente deprimido... Tem muita gente fazendo um jornalismo mal-caráter e estou sendo pautado por isso. Jornalismo online tem publicado com certa frequência matérias esquentadas e falsas. O problema é que no jornalismo quando mais de um veículo noticia o erro, o erro passa a se tornar fato.
Não sei o motivo que leva jornalistas, que eu conheço, a distorcerem a notícia para torná-la mais vendável. Sinceramente, essas pessoas não têm a mínima noção com o que estão lidando, essa arma poderosíssima com alcance ilimitado. Gostaria que a profissão estivesse mais tomada por pessoas dispostas a fazer um jornalismo factual e não-descaracterizado. Estou triste pra caralho.

Juda´s kiss, I dismiss. Thank y´all for this

PS: Apesar de tudo, quero enfatizar que acho a Michelle Pfeifer lindíssima.

8.30.2004

Bom, o post anterior não deu certo, então eu o substitui por este que segue.

Em Brasília tá um calor do caralho. Quase identificável com essa tirinha, que não poderia deixar de ser senão Far Side.


8.29.2004

Whattup y´all.

Final de semana de vários acontecimentos. Balada do Fábio Marçal no sábado depois de assistir Alta Fidelidade, gripado na sexta-feira e sono no domingo. Em meio a "tudo isso", arranjei uma nova banda para tocar, agora além do baixo nos Gentlemans, toco guitarra no Raff. A banda é bem boa, afinada e umas bases de hardcore bem produzidas.
Tenho que tirar todas as músicas dos caras até o final de semana seguinte ao feriado de sete de setembro porque haverá um show em 25 do mês que vem na Universidade Católica.
I´d like to state that I HATE sundays in Brasília. Não tem dia que eu me sinta mais solitário nesse plateau. São horas a fio gastas com uma televisão, com as distâncias milimetradas do apartamento ou com a infinita distância que nos separa nesta conexão binária de poucos sentimentos e muito frio, apesar de lá fora fazer um calor seco e desgastante.

Quinta-feira estarei em São Paulo.

Só por estar no clima:

Top Five Sunday Songs
1) The Get Up Kids - Martyr Me
2) Samiam - Bad Day
3) NoFX - Falling in Love
4) Boy Sets Fire - Handful of Redemption
5) Superchunk - Hello Hawk

8.27.2004

Dando sequência ao fato totalmente surreal.

Depois de ter sido "sabatinado" pela senadora sobre o meu piercing no plenário do Senado, tive de entrevistá-la para uma matéria especial que escrevi sobre o fracasso do esforço concentrado do governo nas votações do Congresso.
Abaixo transcrevo o diálogo entre eu e a senadora Ideli Salvatti, líder do PT no Senado. (sim eu tenho em fita!!)

-Oi senadora, como está?
-Tudo bem, meu filho, o que quer?
-Gostaria que a senhora fizesse uma avaliação do esforço concentrado, por favor.
-Olha, primeiro eu digo que o ponto alto desse esforço concentrado foi a discussão sobre o seu piercing!
-É verdade (disse eu constrangido).
-Eu te defendi, acho que as pessoas devem fazer o que quiserem com o corpo.
-É eu sei (enrrubrecendo absurdamente). Mas quanto ao esforço, senadora.
-Como é?
-A avaliação da senhora, por que foi um fracasso.
-Veja, eu classifico como um esforço desconcentrado...
E o diálogo segue e fica sério.
Quem quiser ler a minha matéria segue o link da Reuters.
Governo pode ter novo revés em votações marcadas para setembro

8.26.2004

QUE CARALHO. NO MÍNIMO SURREAL. Estava eu conversando com um camarada no plenário do Senado e ele me perguntou porque eu não estava indo jogar futebol de segunda-feira. Ingenuamente, respondi que fui recomendado a não jogar por um tempo por conta do meu piercing nas tetas. Bom, conversa vai, conversa vem, a bosta se espalhou absurdamente e virou uma comoção na parte reservada à imprensa. Todos acharam um absurdo eu ter piercing nas tetas. O vudu (que é pra jacu) chegou até a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), que avaliou que ele é pró a livre escolha do que se fazer com o corpo?!?!?!?! "A gente tem que ser feliz", foi o que disse a senadora.

Ã?!?! What the FUCK??? Tornei-me assunto federal. PUTA QUE PARIU.

Foda-se. A galera se importa demais com os outros e não olham para o próprio cu. FILHOS DA PUTA.

ENFATIZO: O ROCK NÃO DÁ TRÉGUA. SIM, É PRA VC MESMO!!!!!
Porra, cerveja de quarta-feira é do caralho. Sério, deveria ser instituído como um rito proforma: cerveja de quarta regada a muita conversa bacana com os camaradas. É nessas horas que a gente avalia as amizades. É impressionante como a gente tem facilidade pra falar MERDA quando tá bêbado e melhor ainda dar risada das MERDAS. Desenterramos um PRIMUS e até ouvimos uns psico trance jogando videogame. Que loco.

To sem sono e sem sono quero ficar!!!!

O Rock não dá trégua.

8.24.2004

Bom, hoje eu estava a ouvir o disco novo do Descendents e tem uma música chamada "One More Day" que tem um refrão identificável: One more day/Like yesterday/I picked you up/And put me down/Wish you were still around. Basicamente, é isso que eu queria: que um dia atrás aí não tivesse acabado e que you were still around. Got nothing else to say. I just hate to sense what I´m thinking right now.

"One More Day"

Spent the last years
In denial of my grief
Because you hated me
Anyone could see

I will always wonder
What I meant to you
And why you hated me
What I did to you

And I can't get anywhere
Pretending that I don't care
Lying to everyone I see
When the only thing I needed was

One more day
Like yesterday
I picked you up
And put me down
Wish you were still around

For one more day
Like yesterday
With you

And in the end
We didn't have a thing to say
Still those games we play
Then you passed away

I'll always wonder
Why you had to leave
Why you hated me
Then layed the blame on me

The cold air
The septic stares
The smell of the sick blue hair
Ya I'll let you go down there
The only child that never cared about

One more day
Like yesterday
I picked you up
And put me down
Wish you were still around

For one more day
Like yesterday
With you

I'll always wonder if I could have meant more to you
And I'll always wonder if I could have done more for you
How I can just turn my back
How I can just walk away
How I can just close my eyes and watch you die

We never get it on
We never got a chance to sing our song of love
I love my 'daddy-boy'
Did you love your boy?
Oh if you´re so warm to me now
It's cold in this room
To know you're in the ground
There´s nothing I can ever do to have

One more day
Like yesterday
I picked you up
And put me down
Wish you were still around

For one more day
Like yesterday
With you

8.23.2004

Segunda-feira de expectativas. No trabalho, as coisas vieram por acaso. Por que não a tendência continuar?

To sem idéias Far Side, apesar de querer muito ouvir Farside, even though I hope that you are way happy so I could play with your belly buttom.

8.22.2004

Mais um pouco de Far Side nesse domingo que as coisas poderiam ficar muito mais interessantes. Contrastes do cotidiano: em São Paulo alguns amigos têm namoradas, em Brasília alguns amigos têm filhos.

8.19.2004

Far Side pode animar qualquer um. As tirinhas do Gary Larson são ótimas, pena que ele censurou todos os sites que tinham quadrinhos dele por copyright. Eu quero que se foda. Essa tirinha abaixo é muito boa!!!!!

Nothing to say neither to think. Estou absorto. Amanhã vai raiar bem cedo. No more bad town.



Essa é a foto de um dos livros bacanas do Glen E. Friedman, fotógrafo contemporâneo que já clicou Minor Threat, Beastie Boys, Bad Brains e muita coisa boa.

8.18.2004

Caralho!!!! Uma das coisas mais prazerosas dessa vida é tomar cerveja em plena quarta-feira. Sério, já se passaram dois dias da semana e ainda têm dois dias pela frente, mas você deu um foda-se e encheu a cara na quarta e falou um monte de merda. Até conversou com um bêbado reacionário do caralho na mesa ao lado que insistia em tentar te convencer que os conservadores são os melhores.
PQP. Feliz da vida depois de uma cerva entre amigos em plena quarta-feira. I just wish I could have some nerve, just a bit to tell them to (pop) shove it.

Ok my mind is all about you cause you shook me all night long!!! AC/DC RULES!!!!!!!!

8.17.2004

Acabei de assistir Chasing Amy. Caralho, como é foda esse filme!!!

Numa encruzilhada com uma nota de 100 dólares estão Papai Noel, o Coelhinho da Páscoa, uma lésbica bonitinha e meiguinha, e uma lésbica horrenda que odeia homens. Qual deles vai pega a nota? Obviamente a lésbica horrenda que odeia homens e sabe por que? Porque os outros três são fruto da merda de sua imaginação.

Realmente, esse filme é bonzaço!.

PQP. I could let go but I just don´t want it to. Would it be better if I do?

And then in the eighth day, god created beer!!!!

Rock on!
O que vamos fazer amanhã? Ué, mas hoje nem acabou...

To com essa sensação.

Ôxe.

8.16.2004

Passei o domingo inteiro em frente a esse computador de merda tentando arrumá-lo. Não consegui. Sinceramente, um domingo inteiro jogado no lixo e amanhã (hoje) já é segunda-feira. Caralho, eu tô de mal-humor, vai ser uma semaninha filha da puta. Que saco, que bode!!!! Como diz o Leandro Ang que se explodam tudo e todos. VAI SE FODER!!!!!!

O outro Leandro propôs a criação da AICA (Associação dos Internautas Compulsivos Anônimos), mais conhecido como o grupo de pessoas sem vida em Brasília. CARALHO. Ô BODE DO CACETE!!!!!!

Só de birra não vou dormir!!!!

Droga, vou sim....

8.15.2004

Lembrete

Esse pequeno pensamento
É um rabisco das horas a fio que passo a lembrar de seus olhos
É um longo instante de suas fotografias
Desse calafrio insistente sempre que sinto seu calor

8.14.2004

Sabadão. Depois de muita cachaça, caipirinha e cerveja a baldada na sexta-feira, vou sair para pegar o Leandro e ir num restaurante jantar. Baladinha sussa para dormir bem e sonhar com os anjos.

Saludos desde acá

8.12.2004

A cabeça está embaralhada, muito mais do que já esteve. Isso não é ruim, mas dificulta a percepção transparente dos fatos, apesar disso definitivamente não existir. Melhor seria a certeza de que o momento é favorável.
E tenho medo, medo de crescer e me tornar um babaca -- um zé ruela acomodado e sem perspectivas. At this point we don´t need no water so let the motherfucker burn.

Bom em meio a tudo isso, pior seria não ter essa duo sintonia --e isso é louco demais, superado apenas por um instante em que dividimos uma música bem bacana. Estamos sempre mais distantes do que realmente queremos estar.

Permissão

Distantes dos olhos
Distantes da voz
O calor da lembrança ainda é reconfortante.

8.08.2004

É sempre muito bom voltar para São Paulo. Baladas até 7h da manhã na sexta-feira e no sábado, reencontrar as pessoas no churrasco do Ricardo, rever amigos, jogar sinuca, ouvir Incubus dividindo o fone de ouvido. Enfim, amanhã é dia de voltar para Brasília e trabalhar, trabalhar muito no Palácio do Planalto, no Congresso. Acho que eu vou pedir para o Lula bancar minhas voltas para a capital paulista.
Aliás, que fique registrado: Incubus é uma baita trilha sonora para se dividir um fone de ouvido.
Estou a ouvir agora blindfolded do Saves the Day that´s why I say that tonight I´ll take you dancing onto bridges while holding your hand close to my heart to make it warm, so I´m warm. I´ll crawl my way back home. MISS YA!

8.06.2004

25 cent giraffe

It was too loud to hear what you were thinking
And somehow I knew I would be sleeping alone tonight
But I figured that's alright
Could you still walk home with me?
I don't wanna be wondering

You couldn't keep me here
It's you or two months on the road
Just two months waiting by the phone
She grew wings and I grew wheels
And now the dust covers my heels
I sent your letter next day
No-Dozed a lot and sat and stared
I couldn't make it fifty pages in that book
I'll pull into town when the saddest sun sets down
And I'll see you at the show
I'hope you'll go you'll be there just waiting for me

8.04.2004

Morreu o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson. Ele tinha 95 anos e estava em sua casa em Isle-sur-la-Sorgue, na França. Apesar de eu não ter muito jeito para fotografia, aprecio demais quem conhece as artimanhas da prática. Conheci a arte de Bresson na faculdade e achei sensacional. Virei fã, tenho alguns livros de fotografias dele, em especial a antologia com as melhores de sua carreira.

Não importa se morreremos algum dia, o que importa é viver todos os dias!

Segue minha foto favorita.

8.03.2004

Hoje eu só quero dormir

Quando estiver por perto,
Apague as luzes dos meus pensamentos
Para eu ter certeza
Que não sonharei com seus olhos esta noite.

7.29.2004

Par de balanços

Gostaria de te dizer algo
Gostaria de dizer bem alto para que todo mundo ouvisse
Para que você ouvisse
Para que eu me ouvisse

Gostaria de ter sua mão
Gostaria de ver sua mão bem próxima da minha
Para que você me sentisse
Para que eu me sentisse

Gostaria de ver seu rosto
Gostaria que seu rosto reconfortasse o meu
Para que você me descubra
Para que eu me descubra 

Gostaria de provar seu suor
Gostaria que seu suor molhasse minha boca
Para que você exale calor
Para que eu absorva seu calor

Gostaria de te ouvir respirar
Gostaria que sua respiração fosse bem ao meu lado
Para que você expire vida
Para que eu inspire sua vida
Evento, no mínimo, estranho: Acabei de chegar de uma balada chamada Gates (a única que toca rock nessa Brasília). Fui lá  sozinho, tomei meia cerveja, gastei 11 reais, fiquei 15 minutos e vim embora. Simplesmente fiquei bodeado. Quando cheguei em casa, liguei o computador, entrei na Internet e tive a sensação: "You know what, it feels right". Apesar de ter ficado meio puto por não ter curtido a balada, sentar em frente a essa tela fria não parece tão ruim assim.
Antes de as pessoas começarem a achar que eu virei sociopata, lunático, carente, imbecil, devo advertir que essa "empreitada" tem, no fundo, um pensamento focado no longo prazo, ainda que ele seja longevo até o final de semana. Ou seja, é simplesmente uma seleção com quem quero conversar.
Enfim, esses últimos dias não paro de ouvir Beastie Boys, acho que faz parte desse revival de sensações que atravesso.
Para acordar, Sounds of Science, Shaddrach, Hey Ladies, para ir trabalhar, Pass the Mic, Time For Living, para voltar para casa, The Maestro, Live at PJ´s e Professor Booty.

Tem uma música que fala que quando a gente tem muita coisa bacana para falar de outro alguém esse sentimento chama-se Gratidão, eu digo que quanto a gente tem engasgado um monte de coisa consigo mesmo, chama-se decepção.

7.27.2004

Quatro estrofes

Esse sentimento de incapacidade
É uma vã tentativa de te querer
É um esboço de horas de vaidade,
Num imenso plateau do poder

As noites de sono perdidas
São o desejo incontrolável de te ter
E a incompreensão da vida caída,
Na imperfeição deste pequeno prazer

As horas, esquecidas, avançam
Sem nenhum comentário a dizer.
Os pobres amantes amam
Num melodrama barato de TV

O inverno seco de sensações,
Neste planalto sem agenda ou lazer,
Dorme e congela minhas emoções, 
E não me faz esquecer de você


7.22.2004

Com uma dor no estômago que eu nunca senti antes e uma música velha na cabeça, que parece de um rádio antigo, ouvida em alto som, minha cabeça está tentando entender uma sensação que há muito tempo havia sido esquecida --diria que há, pelo menos, cinco anos. Engraçado, basta uma mera retomada de contato para esse sentimento, aparentemente, gostoso e benigno, mas que foi muito sofrido, dar sinal de vida. 
Neste momento, minha confusão não é trágica, tampouco sôfrega. Acho que a melhor forma de descrevê-la é buscar semelhança na sensação que temos de volúpia, ainda que cause estranheza e arrepio, quando colocamos um picolé recém-tirado do congelador na boca.
Estou ansioso para ver até onde eu consigo chegar com essa, digamos, empreitada.
Ontem de manhã falando sozinho no chuveiro (sim, eu canto e falo sozinho tomando banho de manhã antes de ir trabalhar), tive um breve momento de elucidação, que é o seguinte: minha vida em Brasília é bem bacana, tenho amigos, parceiros de cerveja, rock (não necessariamente o rock que eu goste), putaria e futebol, além da minha vida profissional ser altamente  enaltecedora, porém devido a fatores conjunturais passei a projetar toda minha diversão em São Paulo e todo o fardo do trabalho em Brasília.
Categorizar minha vida entre duas cidades distantes mil quilômetros entre si, só pode ter fim trágico. Eu passaria a ojerizar a vida social da capital federal ao mesmo tempo em que não conseguiria vislumbrar um desponte profissional em SP. Complexo da mesma forma que o caminho inverso também é verdadeiro. Mas como o poeta já dizia que a realidade tem todas as abstrações e as abstrações não têm nada de realidade, acho que as coisas em algum momento vão fazer sentido.
Para resumir: apesar de minha cabeça estar confusa e dolorida, estou curtindo esse momento de, digamos, várias emoções simultâneas.

O rock não morreu e sempre que há música, há um lugar para ir, não é?

7.19.2004

Depois da faculdade as pessoas se separam, é inevitável, sobretudo quando cada amigo toma caminhos diversos em busca de seu interesse pessoal.
Mas esse lance de blogs e fotologs acaba ajudando na sapiência de notícias alheias. Inclusive, acabamos conhecendo ainda melhor os amigos. Não sei exatamente o motivo, mas seja por inibição ou sociopatia, a Internet acaba se tornando um ponto de encontro frio, cheio de honestidade e profundidade.
É bom saber da vida dos nossos amigos, ainda que virtualmente. Tenham vocês certeza de que sou frequentador assíduo de todos os blogs e fotologs e afins de vocês!
 
Com o gosto horrível de Eno por conta de uma dor de estômago,
 
-Tiago-

7.12.2004

Fato engraçado.
Hoje vim trabalhar ouvindo Jimmy Eat World, "For me this is heaven", do disco Clarity. E tem um verso bacana mais ou menos assim, que é deveras marcante: "Can you still feel the butterflies? Can you still hear the last goodnight? Close my eyes and believe wherever you are. An angel for me."
Ouvindo essa música comecei a ter uns pensamentos estranhos, no bom sentido --coisa que venho tendo há algumas semanas já. As vezes os pensamentos "estranhos" são sentidos através das "butterflies" no estômago. Esse insight eu só tive depois que li uma mensagem que a Júlia, uma amiga minha, escreveu no fotolog dela. Com o perdão do "copyleft" vou transcrevê-la aqui.

"vários pensamentos estranhos na minha cabeça. não tão estranhos.... são mais... butterflies? serão elas??..."

Geralmente butterflies são sentidas no instante anterior à revelação de algo, momento em que traduzimos e transcendemos um determinado sentimento. É aquele frio na barriga que dá antes de beijar uma menina pela primeira vez, antes de dizer que ama alguém, antes de convidá-la pela primeira vez à sua casa, antes de pedir uma menina para casar contigo. Ou mesmo quando a gente recebe uma proposta de emprego, compra a primeira casa. Tem aquele friozinho na barriga de quando a gente descobre que sua mulher está grávida, de que sua vida vai mudar. Ou seja, o friozinho na barriga precede uma mudança de vida, seja ela do tamanho que for!


The West Coast has been traumatized and I think I'm the only one, still alive. When the world caves in, what you gonna do for me?

7.08.2004

Senhoras e senhoras. Seguem as duas últimas cenas da peça, que trocou de nome e agora se chama "Faltou Elvis no nosso Rock n Roll"

CENA NOVE
Clara: Não dá mais? É assim, então, você vai fugir?
Pedro: Não estou fugindo.
Clara: Ir para a França e deixar tudo para trás é fugir, sim, senhor. Cara, pára e pensa. Vai deixar sua vida toda aqui, seus amigos, família, até a merda do seu aquário, que você gosta tanto.
Pedro: Não, esse eu pretendo levar. Vou levar minha coleção de quadrinhos do Will Eisner e eu vou levar o meu videogame. Sem esquecer do meu skate.
Clara: Cara, pára e pensa, puta que pariu, não dá para levar peixinhos dourados no avião. Eles morrem.
Pedro: Que merda.
Clara: Acho que você vai ter que ficar.
Pedro: Pelos peixinhos?
Clara: É.
Pedro: Ficou louca. Eles ficam, então. Aliás, eles vão ficar com você.
Clara: Eu não gosto dos peixinhos.
Pedro: Gosta sim e vai ser um jeito de se lembrar de mim todos os dias.
... ...
Clara: Por que você decidiu essa merda toda?
Pedro: Pensa bem, quando eu iria poder estudar, fazer meu mestrado fora do país? Quando eu tivesse filhos, fosse casado e dono de um apartamento em Pinheiros?
Clara: Mas e a Júlia?
Pedro: O que tem ela?
Clara: Vai largar ela aqui?
Pedro: Vou.
Clara: E você não vê problema nenhum nisso?
Pedro: Um pouco, quer dizer, vai dar saudade, mas ela tem que entender que eu preciso estudar, fazer um MBA na França. E eu estava conversando com aquela minha amiga sueca...
Clara: A Elin.
Pedro: Sim, ela mesmo. Enfim, ela me disse que é super fácil estudar na França. Ela está morando em Paris e ofereceu dividir o apartamento com ela.
Clara: É assim? Você está indo para Paris para comer uma sueca?
Pedro: Não. Claro que não. Primeiro os estudos, quer dizer, se rolar alguma coisa, legal.
Clara: Nossa, você é realmente um babaca.
Pedro: E tem mais, eu vou arrumar um trampo por lá e fazer minha inscrição na universidade. A Elin disse que é super fácil.
Clara: Cara, é fácil porque ela é européia. Você é brazuca!
Pedro: Mas a Elin disse...
Clara: A Elin disse, a Elin disse. Vai tomar no cu com essa Elin.
Pedro: Qual o seu problema?
Clara: É você não pensar bem o que está prestes a fazer.
Pedro: Olha, você me conhece, eu fico entusiasmado com as coisas, mas no fundo, sei que vai ser difícil, mas não é impossível.
Clara: Cara, você vai ter todo esse trabalhão, esquecer da sua vida aqui no Brasil, para tentar comer uma sueca?
Pedro: Você está perdendo o fio da meada. Vou estudar na França e por acaso dividir um apê com a Elin. E, além do mais, não vou esquecer da minha vida, vou estacioná-la um pouco para avançar o farol vermelho em pleno Quartier Latin.
Clara: Você está gostando dessa idéia?
Pedro: Estou.
Clara: Sério mesmo?
Pedro: Mais do que tudo!
Clara: E a grana.
Pedro: Não é esse o problema?
Clara: E qual é?
Pedro: Acho que deixar tudo para trás...
Clara: E eu?
Pedro: O que tem?
Clara: Como eu fico?
Pedro: Você vai ser o meu porto seguro. Se você desabar eu desabo, seu você sentir saudades, eu vou sentir. Mas se você agüentar as pontas eu também vou aguentar.
Clara: Não (chorando) faz isso.
Pedro: Clara, você é a minha melhor amiga, melhor companheira, meu porto de felicidade. Vai dar tudo certo.
Clara: Fácil para você falar. Você quem está indo embora.
Pedro: Não é para sempre. E eu preciso te dizer uma coisa.
Clara: Fale!
Pedro: Preciso te explicar a verdadeira razão dessa minha busca profissional.
Clara: Comer a sueca?
Pedro: Porra, Clara presta atenção, nada disso.
Clara: Então, fala logo, seu merda!
Pedro: É o seguinte: nos últimos dias eu passei a me sentir mais próximo de você.
Clara: Bobo, a gente sempre foi próximo.
Pedro: Você quer me ouvir? Enfim, dessa vez parece ser diferente. Não sei se é por causa dos problemas com a Júlia, não sei se é besteira minha, mas tenho me sentido mais próximo de você. Parece que tudo o que aconteceu nos últimos dias tinha um significado. E eu fiquei muito preocupado e com medo depois que caiu a ficha.
Clara: Qual ficha?
Pedro: Da Jukebox chamada minha cabeça. Enfim, eu percebi que a sensação de querer estar próximo de você caminhava ao lado da sensação de me afastar da Júlia e do crescimento de meu ciúmes em relação a você e o César.
Clara: Do que você está falando?
Pedro: Eu não estou falando nada. Estou dizendo apenas que muitos sentimentos vieram ao mesmo tempo, sentimentos que eu não saberia lidar. A conclusão que eu cheguei é que esse é um momento para eu cuidar dos meus estudos, da minha vida profissional. Só longe disso tudo, eu poderei realmente me concentrar nos estudos.
Clara: Eu acho que preciso te confessar algo também.
Pedro: Clara, eu acho melhor não. Sinceramente, complicar as coisas agora não é a resposta. Essas coisas merecem racionalidade. E acho, quer dizer, tenho certeza, que ambos estamos emocionalmente fudidos para avançar o farol vermelho.
Clara: Mas Pedro, me ouça...
Pedro: Caralho, eu não vou conseguir lidar com nada disso agora. Por favor, eu quero a partir de agora me concentrar nos estudos. Somente nos estudos.
... ...
Pedro: Eu só vou te pedir uma coisa.
Clara: Qualquer coisa.
Pedro: Larga o César. Ele é um babaca e você não gosta dele. Você está usando o filho da puta.
Clara: E eu posso te pedir uma coisa?
Pedro: Claro!
Clara: Volta.


CENA DEZ
Pedro: Eu gosto de você, mas às vezes eu pareço um idiota. Sempre tentando parecer inteligente, quando, na verdade, te trato mal. Depois de tanto tempo, as coisas tornaram-se banais, só que não deveriam ser assim. Parece que não estamos mais sintonizados. Puta que pariu, estou de saco cheio de sair à rua acuado e achar que a minha vida não vai dar certo, ou que minha vida é um seriado e que no final tudo vai dar certo: viverei num mar de rosas, imerso num verdadeiro romance com Frank Sinatra de trilha sonora. Mas as coisas na vida real não são assim.
Não sei como posso ficar contigo se eu odeio suas palavras mal tratadas de vinho barato numa noite de sexo. Ao mesmo tempo não sei ficar sem o seu mal-humor, sem sua reclamação sobre meus palavrões que uso para amaldiçoar um ataque mal concluído, uma defesa mal feita ou um juiz safado quando assisto a um jogo do Palmeiras. Você faz falta demais sem sua imponência, sua altivez, sua maneira de deixar tudo triste e alegre ao mesmo tempo. Eu adoro o jeito que você faz da minha vida um inferno, quando estou num marasmo preguiçoso. Eu adoro o jeito que a gente trepa, eu adoro o jeito que você segura seus gritos de prazer. Eu adoro como seus olhos mudam de cor à noite. Eu adoro a maneira como uma luz artificial incide sobre sua face e destaca suas bochechas rosadas. É complicado te agüentar reclamando do cabelo e da pedicure, que sempre não apara direito suas cutículas. Mas eu adoro seu toque com as unhas feitas, cheio de carinho, paixão, ternura, um tocar lascivo, impudico, carnal.
Júlia: O que você está querendo dizer com tudo isso?
Pedro: Eu quero dizer que, em algum momento, a gente se perdeu pelo caminho da vida. E por isso acho que esse é o melhor momento de sair em busca do aprimoramento da minha vida profissional. Não tenho tempo para pensar em relacionamento afetivo.
Júlia: Como assim?!?
Pedro: Estou indo para Paris. Estudar. Fazer meu mestrado, sei lá. A Elin me convidou...
Júlia: Você ficou louco? Quem é Elin?
Pedro: Aquela minha amiga sueca. Ela está morando na França.
Júlia: Cara, você ficou louco. Não é possível. Elin, que caralho de Elin. Você está indo para lá só para comer uma mina sueca. Você será um babaca se gastar milhares de reais por uma buceta sueca. E eu seu idiota, como eu fico?
Pedro: Júlia, cala boca. E me escuta:
Júlia: Vai pro inferno, você e sua sueca de merda! Eu vou sair com aquele amigo australiano que está passando uma temporada aqui.
Júlia tenta ir embora, mas Pedro agarra os braços de Júlia e não a deixa.
Pedro: Você não tem amigo australiano. E me escuta. Dia desses, li uma carta de um autor de peças e achei foda o texto que ele escreveu para a namorada. Era alguma coisa parecida com isso: “Em um relacionamento não tem esse negócio de mar de rosas. É tudo muito foda, foda mesmo. Porra, mas se no final do dia a gente agüentar o tranco já valeu a pena. Simples assim.”
Júlia: Simples assim?
Pedro: Acho que sim. Mas chegou um momento em que passei a me questionar se o dia valia a pena.
Júlia: Por que você não falou nada? Por que você foi atrás de uma Elin qualquer?
Pedro: Sei lá, Júlia. E, PUTA QUE PARIU, esqueça a Elin. Ela não tem nada a ver. Ela só foi o clique que faltava. Presta atenção caralho. Eu preciso de um tempo para me concentrar, sem ter minhas elucubrações enviesadas. E esse tempo eu só conseguirei com o meu mestrado.
Júlia: Você é um babaca!
Pedro: Pode até ser, mas acho que isso, nesse momento, é o melhor a se fazer.
Júlia: Caralho, por que?
Pedro: Porque aqui no Brasil as coisas estão ficando melhores, o mercado está se reaquecendo. Acho que posso arranjar um emprego bacana com um mestrado na França depois que eu voltar.
Júlia: E precisa de mestrado na França para arranjar emprego no Brasil?
Pedro: Claro, você acha que administrar uma empresa precisa do que?
Júlia: De experiência? Você nunca trabalhou como executivo!
Pedro: Óbvio que não, eu não tinha um MBA na França!
Júlia: Você acha que esse é o único problema?
Pedro: Bem, não é só esse... É porque eu não sei falar inglês direito.
Júlia: E se você aprender inglês na França tenho certeza de que ele continuará uma bosta.
Pedro: Meu, lá eu vou estar muuuito mais perto da Inglaterra. Posso tirar uns finais de semana, atravessar a Mancha e fazer uns cursos de inglês básico.
Júlia: Só se for a Mancha Verde. Pedro, olha para mim e diz que você vai buscar um aprimoramento da vida profissional.
Pedro: Claro que vou. Fazer o meu MBA, aprender inglês e de lambuja um francês.
Júlia: E eu?
Pedro: Você é a minha namorada e tem que entender que esse é o melhor momento para eu fazer meu MBA.
Júlia: Pois é, você não vai querer esperar para casar, ter filhos ou ser dono de um apartamento em Pinheiros, não é mesmo? Enfim, eu espero que dê tudo certo...
... ...
Pedro: Júlia, entregar-se a alguém é muito bom, amar alguém é melhor ainda. Sentir que uma pessoa se importa contigo só por paixão, tesão, amor é a melhor sensação possível. E isso deixa a gente até um pouco inebriado. Por isso namorar é muito rock!!!
Júlia: Muito rock, você está louco?
Pedro: E apesar de a gente estar juntos há quase um ano, temos de levantar muita pedra para chegar ao rock, quer dizer, os Rolling Stones não chegaram a ser o que são se não tivesse existido um Louie Armstrong, os Sex Pistols nunca teriam existido se antes não surgissem os Beatles ou The Who. Assim como o Minor Threat não existiria sem os Ramones, e o Fugazi, Beastie Boys sem o Minor Threat. O Nofx não seria nada sem o Descendents. E tudo isso não existira se um cara lá atrás que tocava um piano fuleiro ou um menestrel não tivessem tocado os primeiros acordes dissonantes do mundo.
Júlia: Ã?
Pedro: O que eu quero dizer é que para construir um relacionamento profundo com raízes sólidas somos obrigados a passar por várias etapas, assim como o rock cresceu a partir da música clássica, do jazz e do blues.
Júlia: E o que isso tem a ver com Paris e com a gente?
Pedro: Sei lá... Tem a ver que em Paris eu quero solidificar meus estudos, construir um MBA.
Júlia: Você está falando que nosso relacionamento é superficial?
Pedro: Lógico que não. Eu só estou falando que quero me aprofundar nos estudos e no inglês.
Ficam ambos calados por alguns minutos.
Júlia: Faltou alguma coisa?
Pedro: Não sei.
Júlia: Deve ter faltado alguma coisa.
Pedro: Acho que faltou um Elvis...
Júlia: E nós insistimos demais em ouvir Wynton Marsalis...

FIM

7.01.2004

Será que alguém conhece a sensação de totalmente perdido. Estou me sentido assim às 3h13 da manhã de uma quinta-feira. Acabei de realmente conhecer uma pessoa que sou loucamente apaixonado e me decepcionei. Percebi que minha paixão, uma das únicas vezes que eu posso afirmar categoricamente que me senti apaixonado (a primeira, no total são duas), era direcionada a um modelo que eu criei na minha cabeça que não corresponde em nada com a realidade, ou melhor quase nada. Estou triste, muito triste e quero dormir. Parece que todos os meus sentimentos se esvaíram ralo abaixo... Acho que estou beirando o vazio. Por que eu não vou dormir e sonhar com um dia melhor?

It feels so damn empty; it feels that all money you owe me from renting my mind isn´t enough to bury my thoughts or to rebuild my confidence in you. I´ll sleep now.

6.27.2004

Sobre a peça. O final já foi elaborado, quando acabar de escrever a última cena publico todas as três que ainda faltam. Mantenham o interesse!
Segue uma carta irremetível que escrevi.

You should pay rent on my mind for every night I spend alone in my room wondering how beautiful our children would be, thinking on our very first kiss (if I would place my hand onto your hair and press you gently against my lips so you could feel the tender warmth being released from my soul into your life.)
You should pay rent on my mind for every minute I wonder off my attention from my own existence pointing it at you while picturing your allure silluette defined on our bed sheets after an intimate fulfilling moment of love where our beings become a perfect match before God´s hands.
You should pay rent on my mind for every detail I picture from your charming eyes and how lovely you look so everyone´s breathless gazing your aura (for a second the air inside our room would vanish so you could float your way thru me delighting our very selves.)
You should pay rent on my mind for being just you.

A frase "You should pay rent on my mind" vem de uma poesia do Ian Mackey, do Fugazi. Toda a elaboração que se segue tem a minha inspiração.

6.11.2004

O prazo para colocar a nova cena da peça ultrapassou os três dias, mas como diz o ditado: "antes tarde do que nunca". Espero que as pessoas que haviam mantido certo interesse não o tenha perdido.

Cena oito

Deitados na cama, o casal de namorados, Pedro e Júlia, conversam.

Pedro: O que você quer que eu faça?
Júlia: Fique calado.
Pedro: O que você quer que eu faça?!
Júlia: Quero que você faça exatamente o que está fazendo agora!
Pedro: Fazer nada?!
Júlia: Insensível!
Pedro: Júlia está difícil te entender ultimamente.
Júlia: E está superdifícil fazer você me ouvir.
Pedro: Como posso te escutar se, aparentemente, você está conversando através de sinais ou desenvolveu uma técnica de transmissão de pensamentos e se esqueceu de me avisar? Olha, eu vou te avisando, não consigo ler pensamentos.
(Calados)
Pedro (trocando de canal): Está passando aquele filme mexicano que você tanto gosta, com o Gael Garcia Bernal.
Júlia: “Amores Brutos”?
Pedro: “E Sua Mãe Também”.
Júlia: Interessante. Queria ver uma briga de cachorros!
Pedro: Pois é, aparentemente sou expectador de uma briga de cadela.
Júlia: Você é um escroto!
Pedro: Dizem que é uma das minhas melhores qualidades.
Júlia: Quem disse isso?
Pedro: Ah, o Joaquim, meu porteiro, o Venceslau, irmão da Clara, o Beto, açougueiro, a Maria Helena, da faculdade, o Roberto Pitbul, a Eloísa, secretária do meu pai... (interrompido).
Júlia: Você está inventando esses nomes.
Pedro: Inclusive teve um dia que o cachorro do César falou que eu era escroto, mas acho que pode ter sido efeito de uma salsicha estragada que eu tinha comido.
Júlia: O César tem um gato.
Pedro: Está vendo só, eu realmente estava alucinado.
Júlia: Você deve estar alucinado agora.
Pedro: Te garanto que não foi salsicha que eu comi hoje!
Júlia: Você já percebeu que sempre que entramos numa discussão profunda você foge do assunto e, ultimamente, passou a me atacar?
Pedro: Você já percebeu que você só fala comigo para discutir a nossa relação? Sério, dá um tempo. Quero saber de outra coisa. Por que você não vai pegar uma cerveja para mim?
Júlia: Por que você não vai tomar no cu?
Pedro: Porque eu não gosto, prefiro cerveja.
... ...
Júlia: Parece uma coisa recorrente na sua vida: fugir de relacionamentos por se sentir ameaçado.
Pedro (sussurando): Ultimamente eu quero fugir de...
Júlia: O que você falou?
Pedro: Absolutamente uma tentativa de cair!
Júlia: Ã?! Ficou louco?
Pedro: Não. É um novo código militar que eu aprendi.
Júlia: Não inventa. Não fuja! Qual é o seu problema?
Pedro: Cara, eu não tenho problema nenhum. Acho que o problema dessa merda toda é você. Desde que eu fiz a tal da música, você tem agido estranhamente. Eu sempre faço gestos românticos e você nada...
Júlia: Gestos românticos banais que você fez para todas as mulheres que você teve.
Pedro: Foda-se, para você é especial.
Júlia: Para todas são.
Pedro (em tom meigo): Você é mais especial do que qualquer outra. Você é a minha linda!
Júlia (aborrecida, depois de um tempo para processar as informações): Qual o seu sentimento por mim?
Pedro: Começou a discutir o relacionamento de novo?
Júlia: É sério. Responda.
Pedro: Eu te amo!
Júlia: Resposta pró-forma. Quero mais honestidade.
Pedro: Como eu posso elaborar mais uma sentença extrapolando a terceiridade do “eu te amo”?
Júlia: Não sei, se você consegue colocar semiótica no meio de uma conversa, você pode elaborar suas “palavras” bonitas.
Pedro (pensa e responde): O meu amor por você é do tamanho do esterco de uma vaca depois de ela passar o dia inteiro pastando. O meu amor é do tamanho de um épico dos anos 1960 –a gente acha que acabou, mas ainda tem 1h30 de filme. O meu amor por você é do tamanho de uma segóia, do tamanho da minha fome às 4 horas da manhã quando levanto para comer um espaguete à bolognesa do dia anterior. O meu amor é do tamanho da vontade que eu sempre tenho de te beijar.
(Júlia tenta beijá-lo, mas Pedro esquiva-se levemente)
Júlia (constrangida): Segura a minha mão?
Pedro: Eu estou segurando.

Fim da cena oito.

5.30.2004

Cena sete
César e Pedro caminham em lados opostos da mesma rua.

César: Pedro? Pedro?
(Pedro está longe e finge que não ouve)
Pedro: Caralho, esse idiota está aqui, será que eu consigo fingir que não o vejo?
César: Será que ele ta me ouvindo. Ae Pedrão? Pedrão?
Pedro: Pqp. É melhor eu ir falar com ele antes que ele comece a dar um escândalo e fique muito chato.
César: Pedro, Pedro? Aqui do outro lado
Pedro: Opa, e aí meu caro, como vai?
César: Pôxa, vou ótimo. Bom te encontrar.
Pedro: Pois é. Cara, gostaria de continuar a conversar, mas estou super atrasado e preciso ir.
César: Ah, beleza. Até mais, então. Mas e aí, a Júlia endoidou, né cara?
Pedro: Como é que é?
César: Cara, eu te entendo. A mulherada de hoje está super liberal.
Pedro: César, do que você está falando?
César: De seu impasse com a Júlia
Pedro: Não temos nenhum impasse... Tá louco? De onde você tirou essa história?
César: Eu inventei. Presta atenção, Pedro, eu namoro a melhor amiga da Júlia, e sei de tudo o que se passa na vida das duas?
Pedro: **Infelizmente**
César: Não entendi.
Pedro: Instruções Veementes.
César: O que é isso?
Pedro: É um código militar que eu estou aprendendo, é super interessante.
César: Nossa, você precisa me ensinar algum desses.
Pedro: Qualquer dia eu te ensino um dos bons.
César: Hmmmm. Enfim, mas você não percebe que eu sei de tudo o que passa na vida dela.
Pedro: Gostoso!
César: O que?
Pedro: Meu sorvete de acerola.
César: Dá um teco?
Pedro: Não. Eu e a Júlia estamos com um probleminha.
César: Vai dá de migué? Probleminha?! Você está sendo modesto. Pelo o que eu saiba a Júlia endoidou.
Pedro: Você não faz idéia do que está falando!
César: Você não faz idéia do que se passa na cabeça da Júlia.
Pedro: E você?
César: O que?
Pedro: Sabe?
César: Sabe do que?
Pedro: O que está rolando na merda da cabeça da Júlia?
César: Não. Não sou eu o namorado dela.
Pedro: Então por que você começou com esse papo? Sinceramente, você acha que só porque eu sou namorado da Júlia tenho de saber os pormenores da vida dela?
César: Tem.
Pedro: Ah cara, vai se foder.
(silêncio estranho)
César: Você está indo para onde?
Pedro: Se você estiver indo, e eu espero que sim, tomar no cu, não vou te acompanhar.
César: Babaca. Olha, eu acho que a Júlia está dando para outro cara.
Pedro: Como é que é?
César: É, meu irmão, quando a mulherada começa a ficar estranha é porque ela está tendo um caso com um cara, especialmente quando ela fica estranha na frente de nós, namorados. E quando elas estão muito estranhas, mas muito estranhas mesmo, é porque elas estão lambendo carpete?
Pedro: Ã?
César: É, meu irmão, lambendo carpete, comendo pastel de pêlo, passando nariz no sovaco das pernas. Lambendo boceta.
Pedro: César, cala a boca. Você fala essas coisas para a Clara?
César: Desculpa, eu me empolgo. Eu sei que o problema é de vocês e eu estou me metendo, desculpa.
Pedro: Esquece, cara. O problema é que eu estou tendo um treco com a Júlia que eu não sei explicar, tampouco sei de onde veio. E isso é horrível. Fico extremamente indefeso, não sei como agir, não sei se devo falar com ela, ligar, tentar alguma coisa.
César: Eu acho que se ela for demais de importante para você, acho que você deveria correr atrás e fazer tudo o que ela quer. Eu vou dar uma passadinha na casa da Carla, vamos?
Pedro: Pode ser. A Clara é uma pessoa super gente fina. Gosto bastante dela.
César: Cara, posso confessar uma coisa.
Pedro: Acho que já te confessei coisa demais, está na sua vez.
César: Eu tenho um baita ciúmes de você e da Clara.
Pedro: Não sei porquê. A gente saía e só. Hoje eu estou com a Júlia e gosto pra caralho dela.
César: Mas, às vezes eu fico super inseguro. Nunca sei se algum dia vou conseguir ter a aproximação, intimidade que vocês dois têm.
Pedro: Besteira cara, ela gosta pra caralho de você.
César: Ela ou a mãe dela?
(Os dois permanecem num breve momento de silêncio)
César: Sabe o que eu gosto da Carla. Seu jeito de me tratar, ela é muito carinhosa e preocupada. Parece, parece uma atendente de telemarketing super interessada em você.
Pedro: Ela é muito meiga mesmo.
César: Sabe o que eu espero de uma menina? Que quando eu tocar o interfone da casa dela, ela atenda e só de ouvir a minha voz, por um só segundo, ela sinta-se a mulher mais sortuda do mundo e esqueça todos seus problemas. Eu espero que só de ouvir a minha voz, ela possa sorrir sem sentido, ser instantânea na vontade de me ver. (Toca o interfone). Que quando ela me vir pela centésima octogésima terceira vez, ela sinta aquele calafrio que sentiu quando me beijou pela primeira vez. Oi Carla, é o César, eu estou com o Pedro. Podemos subir?
Carla: Subam.
César: Acho que um dia eu vou me casar com ela.
Pedro: Eu sou mais simples. Posso até ser machista. Que a Júlia não me ouça, mas eu vou ter certeza de que estou com a mulher da minha vida, quando eu estiver sentado na sala e ela, sem eu pedir, me trouxer uma lata de cerveja para beber. Não pelo fato de isso ser uma demonstração de subserviência, mas a prova régia de que eu e ela somos um só, que ambos conhecemos os desejos e vontades de cada um.
César: Eu não gosto de cerveja.
Carla atende a porta
César: Oi, meu bem. Estava com saudades.
Carla: Oi Pedro, como está?
Pedro: Vou indo. Encontrei o César na rua.
Carla: Que legal. Meninos coloquem suas bundas no sofá, que eu já volto.
Pedro: Cara, a Carla é muito boa de vida. Olha só essa TV com 135 canais. Do caralho. Tem até uns canal pornô do pai dela.
Carla volta com duas cervejas na mão;
Carla: Trouxe uma gelada para você.

5.25.2004

Cena seis

No quarto de Júlia, ela e a amiga Clara conversam.
Júlia: Eu estou cansada de ter de resolver os problemas para ele. Criamos um padrão em nosso relacionamento em que sempre que há um problema, o Pedro corre para os meus braços para eu resolver. Eu cansei disso. Acho que se quisermos avançar nesse relacionamento, ele terá de descobrir sozinho o que está acontecendo.
Clara: Júlia, o que você quer da vida?
Júlia: Ã?!
Clara: É você me entendeu. Qual caminho você quer traçar com o Pedro ou sozinha ou com qualquer Zé Mané ou qualquer Maria Manuela para desenvolver sua vida?
Júlia: Baixou a Zíbia Gasparetto em você, agora? Sei lá, Clara, eu estou de saco cheio do Pedro. Ele é um moleque de 24 anos que não quer responsabilidade nenhuma.
Clara: Você está sendo injusta com ele. O Pedro é um dos caras mais responsáveis que eu conheço e, em se tratando de vida profissional, ele é a pessoa mais ambiciosa de todos os tempos.
Júlia: Legal. Resultado: eu o assisto se desenvolver profissionalmente enquanto continua um adolescente em fase espinhosa durante nossas transas. Sabe para onde ele me levou na semana passada? Para assistir a um campeonato de Skate. E eu lá me importo que um tal de Bob Não-Sei-Das-Quantas vai competir.
Clara: Burnquist.
Júlia: O que?
Clara: Bob Burnquist, o skatista profissional.
Júlia: Esse mesmo. Enfim, eu quero mais que isso.
Clara: Pouco antes de vocês brigarem, ele cozinhou para você, com velas e tudo.
Júlia: Pouco antes de a gente brigar, a gente estava transando.
Clara: E foi bom?
Júlia: O que?
Clara: A comida.
Júlia: Qual delas?
Clara: Nossa menina, que mente suja.
Júlia: Desculpa, não poderia perder a oportunidade. Estava ótima!!
Clara: A transa?
Júlia: Não, essa foi mais ou menos. Você sabe que o Pedro é um excelente chef.
Clara: Ele quem me deu uns toques na cozinha. Sabe, eu li na VIP...
Júlia (interrompendo): Espera um pouco, você está lendo VIP.
Clara: Estava no banheiro do César.
Júlia: Aliás, quando você vai largar esse babaca?
Clara: Não me enche você também, vamos voltar ao assunto original. Eu li na VIP que os homens agora estão ficando mais confiantes e trocando suas namoradas por modelos?
Júlia: E você acredita na VIP?
Clara: E você acredita na Nova?
Júlia: Bem colocado. Mas isso não importa, o Pedro não vai me trocar por uma magrela. Até porque no quesito beleza ele é 6,5.
Clara: Esnobe. Eu acho ele um gato.
Júlia: Na transa 7,5.
Clara: Na cozinha 9,5
Júlia: Me agradando 10. Eu gosto para caralho daquele filho da puta, daquele crianção, daquele... Deixa para lá, eu gosto dele e ponto.
Clara: Então qual é o problema?
Júlia: O problema é que eu não tenho mais 19 anos querendo um namorico de portão em que meu namorado compõe uma música para mim depois de a gente transar, me leva no shopping center para tomar sorvete, passa o final de semana em casa e leva o videogame, assina canal pornô. Caramba, eu tenho 25 anos.
Clara: E como é o namoro quando a gente tem 25 anos?
Júlia: Sei lá como é. É diferente... Como se você soubesse.
Clara: Não faço idéia e não me preocupo com isso. Júlia, a gente simplesmente vive a vida. A gente não pode cobrar atitudes simplesmente por acharmos que elas não se enquadram em nossa faixa etária. O que estabelece que com 19 anos temos que ir ao shopping, com 25 vamos ao cinema (que muitas vezes fica num shopping), com 35 a gente conversa com outras mães na porta da escolinha dos filhos, com 45 a gente fala bem dos filhos no trabalho? Nada. Eu, por exemplo, quero chegar aos 45 anos assistindo Friends.
Júlia: Friends acabou.
Clara: Não as reprises. Eu adoro o Chandler.
Júlia: E eu adoro o Ross, ele é tão fofo. Sabe, eu queria ter um professor igualzinho a ele. Nossa, ele é tão inteligente e engraçado.
Clara (depois de um breve silêncio): Júlia, quando a gente tinha 19 anos, nós achávamos o George Clooney um gato e queríamos ter ele como instrutor da auto-escola.
Júlia: É verdade. O George Clooney é um gato também, se ele tivesse sido meu instrutor, eu nunca teria tirado minha habilitação.
Clara: Júlia, foco, meu amor. O que eu quero dizer que ambas estamos com 25 anos e discutindo sobre o mesmo assunto há 6 anos.
Clara: Qual a sua banda favorita agora?
Júlia: Billie Holyday!
Clara: Qual foi a banda que mudou sua vida?
Júlia: Sunny Day Real State. Ouço Seven até hoje.
Clara: Só porque era o hit... Mas diga-me, esse pôster está aí ainda porque você continua a gostar deles, certo?
Júlia: Lógico. (um breve momento de silêncio). Tá entendi, você tem razão. (novo breve momento de silêncio).
Afinal, você concorda ou não que o Palocci é o melhor ministro do governo Lula?
Clara: Olha, depende. Ele tem uma equipe muito boa, o Joaquim Levy é um ótimo secretário do Tesouro. Eu particularmente gosto do estilo do Celso Amorim.
Júlia: Ah mas ele está fora. A política externa brasileira é absolutamente inequívoca.

Fim da cena seis

5.24.2004

Estou começando a ficar puto com essa cidade. Parece que todas as mulheres de 25 a 40 anos só pensam em se casarem e terem filhos, além de reclamarem incessantemente que estão velhas demais para isso, velhas demais para aquilo, velhas, velhas e velhas. QUE SACO!!!!!!!!
thirty four people



You Will Have Sex With 34 People!


For you sex is an adventure

One that you'll get quite good at

It's not to say that you'll have sex with anyone

But "self control" is just not in your vocab



5.21.2004

Cena cinco

Júlia: Sabe, eu queria entender o que se passa na cabeça do Pedro. Eu queria por um momento ganhar o dom de ler pensamentos das pessoas, quer dizer, só do Pedro e só por alguns momentos. Acho que só assim eu o entenderia. Eu sei que é difícil manter um relacionamento, mas será que ele sabe? Caralho, mas será que eu não estou cobrando demais dele?
Lógico que não. Em algum momento ele tem que entender. Já faz um ano que a gente está junto e as coisas não parecem evoluir. Porra, a paixão é foda e o calor entre eu e ele é incrível. Eu deveria entender que ele gosta da sensação de estar apaixonado e extravasar todos os seus sentidos os direcionando para mim. O bom é que ele sabe ser comedido, nunca me senti sufocada ao lado dele ou por suas breguices.
A minha confusão não é em relação a o que eu sinto por ele, mas o que ele sente por mim e o que isso representará ao nosso futuro. Não estou querendo me imaginar com ele daqui 10 anos... (Ah vai isso seria maravilhoso...). Ele é um bosta, o cara mais volátil que eu conheço.
(Toca o interfone)
Júlia: Oi seu Jorge. Ah ok. Pode mandar subir.
Júlia rapidamente corre ao banheiro para escovar os dentes, lavar a cara e pentear os cabelos. Pedro chega com uma pizza embaixo do braço e tenta beijar Júlia, mas ela discretamente afasta seu rosto.
Pedro: Alguém pediu pizza? (Deixa a pizza em cima da mesa)
Júlia: Não estou com fome. O que você veio fazer aqui?
Pedro: Te ver. Preciso de um motivo?
Júlia: É sempre bom.
Pedro (começando a ficar com raiva): Qual o problema com você?
Júlia (com ironia): Problema? Nenhum.
Pedro: Vai ficar com ironiazinha babaca para cima de mim agora? Qual é o seu problema? Por que você foi embora daquele jeito? Eu sei que eu devo ter feito alguma merda e por isso eu peço desculpas.
Júlia: Desculpas sem saber a razão são vazias.
Pedro: Então conta o que eu fiz de errado.
Júlia: Você não fez nada de errado. Aliás, errado nessa história não tem ninguém. Melhor, acho que, na verdade, eu sou a inconveniente nessa história. Você... você... Pedro vai embora.
Pedro: O que está acontecendo entre nós? Eu quero saber qual foi o problema, a pedra, o cavalo que atravessou a estrada enquanto nós passávamos?
Júlia: Cavalo? Que cavalo? Você e suas frases “bem construídas”. Enfim, não quero discutir.
Pedro (enraivecido): Mas eu quero. Caralho, vamos resolver essa merda de problema que só na sua cabeça cheia de merda tem.
Júlia (gritando): Pedro, VAI EMBORA!!!!
Os dois ficam em silêncio.
Júlia: É sério, acho melhor você ir embora.
Pedro: Para nunca mais voltar?
Júlia: Você gosta de um melodrama, né?
Pedro: Adoro, principalmente daqueles filmes americanos em que o galã descobre faltando dois minutos para o final que o verdadeiro amor de sua vida é a vizinha feia que mora ao lado, mas por vicissitudes do cotidiano ele está há quilômetros de distância e tem que atravessar toda a cidade embaixo de chuva para dizer que a ama. E a gente nunca sabe se ele vai conseguir se declarar porque a garota está se despedindo do pai para ir fazer faculdade em outro estado. No final, tudo dá certo e eles se beijam loucamente sob a chuva. E quando o filme é bom mesmo, a garota está com uma blusinha branca que dá para ver os peitinhos dela. Adoro “Dez coisas que eu odeio em você.”
Júlia: “Dez coisas que eu odeio em você” não tem chuva, não tem paixões de última hora e o enredo é totalmente diferente do descrito por você.
Pedro: E eu chorei três vezes no filme.
Júlia: Eu sei. A gente assistiu juntos, não se lembra? Todas as cinco vezes.
Pedro: Adoro a protagonista, como é o nome dela?
Júlia: Julia Stiles.
Pedro: Gatinha, é por isso que eu te adoro!
Júlia: Pedro, vá embora!
Pedro: Não vou até você me explicar o que está acontecendo.
Júlia: Não é nada, só preciso de um tempo para pensar.
Pedro: Você ainda gosta de mim, certo?
Júlia: Pedro... (olha para baixo) vai embora.
Pedro: Mas acabou de começar a chover.

Fim da cena cinco

5.18.2004

Cena quatro

Pedro: Clara, desce aqui, preciso conversar com você.
Clara: Não vou descer, suba você.
Pedro: Mas sua mãe me odeia e não quero encontrar a bruaca.
Clara: Respeite à minha mãe. E ela não está. Suba! Eu estou fazendo uma coisinha para comer.
... ... ...
Clara (depois de atender à porta): O que você quer?
Pedro: A gente precisa conversar, existe um mal-entendido. Nossa, que cheiro bom, o que você está cozinhando?
Clara: Strogonoff.
Pedro: Foi de propósito, né? A extrapolação de seu sexto sentido resultou na convicção de minha visita, por isso inevitável tornou-se o preparo de meu prato favorito.
Clara: Arrogante. Olha, senta aí, a gente almoça e conversa.
Pedro: Beleza.
Pedro senta-se no sofá, coloca os pés na mesa de centro e começa a trocar os canais da televisão, enquanto Clara segue para a cozinha.
Pedro: Meu bem, me traz uma cerveja!
Clara: Pedro, vai tomar no cu!
Pedro: Por isso que a gente nunca deu certo, você nunca quis fazer as coisas que eu gosto.
Clara: Pedro, vai tomar no cu!
Ela volta da cozinha com uma travessa de strogonoff numa mão e a panela de arroz na outra.
Clara: Vai lá na cozinha e traz a batata palha.
Pedro: Beleza.
Pedro volta com a comida e ironiza: Está vendo só. Para ti, tudo faço, cara mia!
Clara: Babaca.
Eles sentam-se à mesa e começam a comer.
Clara: O que você tinha a falar?
Pedro: Pois é, acho que você já está sabendo do imbróglio com a Júlia. Eu queria te explicar.
Clara: Sim, estou sabendo. E não precisa explicar nada. Você não fez nada de errado.
Pedro: Sim, fiz. E quero acabar com os desentendimentos. Clara, meu bem, eu não estou apaixonado por você.
Clara: O que? Você ficou louco? Do que você está falando.
Pedro: Minha linda.
Clara (interrompendo): Odeio quando você me chama de minha linda.
Pedro (bruscamente): Como eu ia dizendo, eu sei que você acha que eu voltei a me apaixonar por você, mas isso não é verdade. Eu estou na da Júlia.
Clara: De onde surgiu isso? Quem te falou um absurdo desse, que eu estou apaixonada por você?
Pedro: Eu pressinto essas coisas!
Clara: Com o seu cu, né?
Pedro: Olha, eu usei o Manuel Bandeira na música porque eu achava que a Júlia gostava dele.
Clara: Certo, e ela gosta. Qual o problema?
Pedro: Mas, na verdade, quem gosta é.... Como assim?
Clara: O que?
Pedro: Ela gosta?
Clara: De quem?
Pedro: Do Manuel Bandeira.
Clara: Claro que gosta, seu idiota. E o que isso tem a ver com eu achar que você voltou a se “apaixonar” por mim?
Pedro: Nossa, segunda merda.Esqueça.
Clara: Esqueça, nada. Explique-se.
Pedro: Meu Deus, por onde começo?
Clara: Pelo início eu me satisfaria.
Pedro: Lembra quando eu te dei a porra do livro do Manuel Bandeira de aniversário?
Clara: Lembro, adorei. É o meu livro de cabeceira até hoje.
Pedro: Foi uma escolha a dedo. Eu lembro nos pormenores do brilho nos seus olhos e o espanto de sua face.
Clara: Óbvio, a gente tinha saído algumas poucas vezes e você já aparece com um presente.
Pedro: Um não, dois. Aliás, você me empresta o Smashing Pumpkins?
Clara: Está com o César.
Pedro: Você está com esse cara?! Puta que pariu, Clara. Ele é um babaca. Odeio ele.
Clara: Pelo menos, ele tem educação e minha mãe o adora.
Pedro: Mais um motivo para eu deprezá-lo. E você não merece um cara como ele. Você é linda e tem um potencial enorme, deveria buscar pessoas do seu nível.
Clara: Pedro, a gente não vai transar.
Pedro: O que?!!? Ficou louca. Eu não quero transar com você.
Clara: A Júlia é a minha melhor amiga, não seria certo com ela.
Pedro: E comigo? Seria demais de errado comigo também. Nem estou com vontade.
... ...
Clara: Pedro?
Pedro: Ã?
Clara: Você me acha sexy?
Pedro: Com absolutíssima certeza. Como eu já disse, você é uma das pessoas mais lindas e sexy que eu conheço, qualquer Zé Mané que consiga ficar contigo pode se considerar um bastardo sortudo. Por isso você não merece aquele babaca.
Clara: Mas ele gosta tanto de mim.
Pedro: Sorte dele, azar seu. Clara, vai por mim, você faz melhor.
Clara: Bom, mas enfim, e a explicação que você ainda está me devendo e continua me enrolando.
Pedro: Ué, mas a gente não ia transar?
Clara fica em silêncio atônita.
Pedro: Brincadeira!!!! Enfim, o começo da história é o seguinte: eu sabia que a Júlia tinha te contado sobre a música que eu fiz para ela e você achou que minha paixão subconsciente por você havia voltado.
Clara: Meu querido, não estou entendendo absolutamente nada. Com calma, por favor.
Pedro: A Júlia ficou brava com alguma coisa que eu não sei o que é. Conversando comigo mesmo, eu cheguei a conclusão que ela tinha ficado fudida com o fato de eu ter usado o Manuel Bandeira na música porque, eu achei, a fez lembrar de quando eu e você estávamos juntos.
Clara: Conversando com você mesmo? Enlouqueceu?
Pedro: Pois é. Na minha cabeça, ela tinha te contado isso e você chegou à conclusão de que meus sentimentos por ti haviam voltado!
Clara: E voltaram?
Pedro: Não. Eu gosto da Júlia e espero que ela ainda goste de mim.
Clara: Pedro, você não quer transar?
Pedro fica atônito.
Clara: Idiota. Cai na mesma brincadeira. A Júlia não está brava com você.
Pedro: Qual foi o problema, então?
Clara: Eu não sei, não ficou muito claro. Acho que vocês precisam conversar.
Pedro: É, acho que sim. Vou lá agora.
Pedro levanta-se rapidamente e sai avoado para a porta.
Clara: Pedro,acaba de comer pelo menos.
Pedro: Se eu acabar de comer, meu coração pode se esvair desanimado.
Clara: Você gosta mesmo ela?
Pedro: Da Júlia?

Fim da cena quatro.