5.05.2005

Do rincão gaúcho segue o "Canto Alegretense"

Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do teu próprio coração
Cruzarás pela estrada algum ginete
E ouvirás toque de gaita e de violão

Pra quem chega de rosário ao fim da tarde
Ou quem vem de Uruguaiana de manhã
Tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no rio Ibirapuitã

(Ouve o canto gauchesco e brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de tuna camoatim de mel campeiro
Pedra moura das quebradas do Inhanduí)

E na hora derradeira que eu mereça
Ver o sol alegretense entardecer
Como os potros vou virar minha cabeça
Para os pagos no momento de morrer

E nos olhos vou levar o encantamento
Desta terra que eu amei com devoção
Cada verso que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e gratidão

5.02.2005

Combater a desesperança num mundo de desapontamentos é quase inútil. A força que nos resta é suficiente só para os dias de labuta operária, intelectual, burocrática. Somos todos burocratas, alguns com mais e outros com menos abnegação. Somos preguiçosos demais, marchamos a favor do fluxo. Não temos braços para cavar espaço na corrente. Nossas mãos são pequenas e nosso intelecto é demais arrogante para perceber nossa inútil existência. Temos voz apenas para, no máximo, contrariar, reclamar, resmungar, incomodar. Não fazemos nada de concreto, não criamos, não deixamos legado. Revolução é só uma palavra carregada de ideologia sem qualquer significado real. O barulho do ar que respiramos é a lembrança insistente da nossa vida descartável. Somos todos descartáveis, vítimas da arrogância e da substência. Alguns têm vozes mais fortes, mas todos temos apenas a ambição de acordar vivo no dia seguinte.