5.02.2005

Combater a desesperança num mundo de desapontamentos é quase inútil. A força que nos resta é suficiente só para os dias de labuta operária, intelectual, burocrática. Somos todos burocratas, alguns com mais e outros com menos abnegação. Somos preguiçosos demais, marchamos a favor do fluxo. Não temos braços para cavar espaço na corrente. Nossas mãos são pequenas e nosso intelecto é demais arrogante para perceber nossa inútil existência. Temos voz apenas para, no máximo, contrariar, reclamar, resmungar, incomodar. Não fazemos nada de concreto, não criamos, não deixamos legado. Revolução é só uma palavra carregada de ideologia sem qualquer significado real. O barulho do ar que respiramos é a lembrança insistente da nossa vida descartável. Somos todos descartáveis, vítimas da arrogância e da substência. Alguns têm vozes mais fortes, mas todos temos apenas a ambição de acordar vivo no dia seguinte.

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